Os beijos de cada cidade

Por que será que no Rio as pessoas se cumprimentam com três beijos na bochecha? Como é em São Paulo? E em Brasília, que é um beijo e olhe lá? E tem os países que nem beijo dão! Que duro deve ser.

Em tempos de coronavírus, essa polêmica estaria até, digamos, suspensa, mas fiquei curiosa sobre isso. Qual será a explicação? Tenho aqui curtas teorias, vejam o que acham:

Brasília: Como alguns memes brincam por aqui, o distanciamento social já é o padrão para os brasilienses. Perdão aos meus amigos calangos, mas eu ei de concordar. As pessoas têm um limite territorial bem definido, grupos de amigos com as portas já lacradas e pouca movimentação social nas ruas. Acredito que por isso é só um beijo na bochecha e olhe lá. Ou um tchauzinho com a mão.

São Paulo: Eu pensava que eram dois beijos, mas minha amiga disse que é apenas um somado a um quase abraço. Esse é até mais fácil de entender. Lá é tudo mais rápido, tem que correr para o trabalho, pra pegar o metrô, pra fugir do trânsito, é muita gente. Mas tem bastante vida social, alegria, convívios. Sempre dá para parar e cumprimentar. Um não basta e dá tempo para um abracinho, né?

Rio de Janeiro: Aqui terei que puxar sardinha, não tem como ser neutra. Tem três beijos, convite para tomar uma cerveja, tempo para sentar no boteco (de chinelo), ouvir um samba que aparece do nada e bater papo na lapa até o amanhecer. Ah, claro. Também tem chances do convite ficar no “vamos marcar” que nunca chega, mas pelo menos você ganhou os três beijos.

De tanto ficar no vácuo, criei o hábito de dar apenas um beijo na bochecha e um abraço de sobra. Será que estou adquirindo personalidades brasilienses? A gente vai ficando meio camaleoa…

A inspiração para esse texto surgiu numa das doces conversas de quarta-feira à noite. É sempre assim, numa conversa.

Como são os beijos da sua cidade?

Foto: Nicole Guimarães. Praia do Leme / Rio de Janeiro, 2019.

26 comentários sobre “Os beijos de cada cidade

  1. Eu cresci em Genova e lá eram toques loucos de mãos, cotovelos, pés e bundas em movimentos combinados. Coisas de crianças. Os adultos deixavam beijocas no ar, debtro de uma distância, apenas os parentes aproximavam os corpos. Aqui em Sampa há um beijo de rosto. Um único e o abraço e para amigo, aquele que ama ou que gosta e que quer por perto. Para os estranhos um oi meio tímido, quase inexistente. Talvez um sorriso e não e por falta de tempo ou vontade. Acho que o paulistano tem reservas. Algo meio europeu. No Rio eu achei tudo muito invasivo. Mas entendo a cultura de sim e mar, todo mundo se encontra e esbarra e de duvidar, sabe onde mora. É o jeito de ser. Me adaptei ao de Sampa e nesses tempos de pandemia, está todo mundo desconfortável, sem saber como conversar. Ficou todo mundo estanho. E o pior e não saber se isso irá passar de fato. Bacio

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    1. Essas diferenças são o máximo! E incrível como dentro do mesmo país temos tantas culturas diferentes. Realmente, no Rio acaba sendo mais invasivo, acho que tem a ver com o clima quente, praia, as pessoas são mais despojadas. Adorei saber como é em Genova! Sobre a falta de toques desse momento, também me pergunto se vai passar ou se precisamos nos tornar mais “frios”. Torno para que não. Adoro um abraço. Um beijo!

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  2. Aqui na minha cidade, no interior de Goias, não tem muito beijo, é mais aperto de mão e abraço. O primeiro em sinal de respeito, a bença. O abraço, tem o de lado que é mais tímido, o apertado para os chegados, o com tapinhas nas costas sinal de falsidade, dirigido para as pessoas que você não gosta. O beijo fica mais restrito para os jovens, acho que isso é devido ao ar mais conservador daqui.
    Enfim, é interessante parar e pensar nisso, nas diferenças e em seus motivos.
    Um beijo e um abraço!

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    1. Que legal sua análise do interior de Goiás, Amanda! Já visitei algumas cidades e realmente não tem tanto beijo. Mas Goiás tem muita conversa, adoro! Mesmo Brasília sendo do lado, a cultura é bem diferente. Beijos e abraço também. 🙂

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    2. Será que o isolamento me fez esquecer a regra de cumprimento no Rio? Acho que aqui, pelo menos no Leme, são dois beijos e um abraço. Em Buenos Aires, onde nasci é um beijo para todos, homens, mulheres, crianças.
      Beijos.

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      1. Bom dia, Jorge! Os dois beijos estão ganhando no Rio, comecei a achar que pode ser algo do meu círculo de amigos!! Gostei de saber como é em Buenos Aires. Obrigada e ótimo domingo 🌷

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      1. escreVENDO.com

        Hoje eu moro em Salerno, na Itália e aqui é muito parecido com o povo da minha terra natal, Salvador, capital da Bahia. Aqui o povo se cumprimenta com dois beijos no rosto, sejam de sexo for e adoram abraçar, gesticular, falar com o corpo. Me senti em casa com os italianos. Aqui o povo adora uma conversa e de preferência, acompanhado de uma boa taça de vinho ou um delicioso capuccino.

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      2. Olha que legal! Rio e Nordeste são bem parecidos em relação aos afetos. Quando visitei a Itália achei o povo animado, tipo em Portugal e na Espanha, mas não tive contato próximo com italianos. Deve ser uma delícia morar aí! Um beijo!

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      3. escreVENDO.com

        O Sul é bem legal, muito litoral, falésias e um mar de tirar o fôlego. A Costa Amalfitana é um dos lugares mais lindos que já conheci. E os italianos são muito gente boa 😍

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      4. escreVENDO.com

        Sim, com certeza! Tô preparando alguns posts dos lugares que passei, desde o norte até o sul, depois dê uma olhada na guia viagens.

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  3. Não sei bem como realmente é, acho que nunca me liguei muito mas sempre foi um ou dois beijos. Três, muito raramente. O aperto de mão é muito frente com abraço com um jeito gaúcho. Agora, deixa te lembrar algo: temos muito da cultura do Prata, um beijo na face, por exemplo é quem sabe muito forte entre nós. Não sou a pessoa mais indicada para falar sobre. Tenho o hábito mesmo é de dizer: vamos tomar um café. Acho que o café é uma das maiores fontes de iniciar, fortalecer, amizades, de convivência social, histórias contadas. Enfim, teu post é muito legal e afetivo. Vale um café. Abraço, Nicole.

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    1. Esse tópico é muito instigante… até em relação ao café. No Rio, um amigo nunca me chamou para tomar um café. O habitual é chamar para o bar. Em Brasília que recebi os primeiros convites para um café, mas sempre acabo tomando um chá. Sigamos repletos de afetos e boas inspirações. Um ótimo final de semana! 🌷

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  4. Olha a sincronia da vida, acabei de ver agora entrevista com Leandro Karnal na CNN Brasil (maravilhosa, por sinal) e ele confirmou meu conhecimento local, vivendo 44 anos no RJ dando 2 beijos em pessoas de todos os locais do estado. 🙂 Ele disse que podemos guardar isso pelo DDD. SP – 1 beijo (011), RJ – 2 beijos (021) e MG – 3 beijos (031)

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    1. Obrigada pela sua visita, Miguel! Acho que essa questão dos beijos dá um estudo – se é que já não existe. A forma de se expressar afetivamente diz muito sobre a história, as características e a cultura dos lugares. Boa semana pra vc!

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  5. Pingback: As músicas de cada cidade – entre conversas e flores

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