Ser diferente é especial

Um dos meus aprendizados da quarentena tem sido saber mais sobre os Transtornos do Espectro Autista (TEA). Não estou segura se existe uma forma melhor para nomear, mas esse tema ultimamente tem me rondado de um jeito lindo.

Duas pessoas que admiro têm compartilhado suas experiências comigo: uma diretamente de Minas Gerais e a outra dos Estados Unidos. Ela, mãe. Ele, irmão. Enviei para os dois um tweet de uma moça em que ela contava sobre ter sido recentemente diagnosticada no Transtorno do Espectro Autista.

Uma das coisas mais bonitas é que ela dizia: Pessoal, está tudo bem. Sou bem-sucedida, me formei, tenho minha vida. Porque muitos começaram a desejar melhoras para ela. Mas ela não tinha nenhum problema, só teve a certeza de que era diferente da maioria. O que ela já sentia há tempos. E estava tudo bem.

E então minha amiga mencionou a palavra neurodiferenciação, que eu nunca tinha escutado. A diferença, sempre ela, é o que mais incomoda as pessoas comuns. Eu não sabia, mas até o diagnóstico do TEA é dificultado por questões de gênero e é usual que algum dos pais também receba o diagnóstico logo após a confirmação do(a) filho(a).

O mais bonito de aceitar o que é diferente é que apenas na diferença conseguimos ver belezas raras, que poucos são capazes de enxergar. Essas duas pessoas queridas que cito aqui são dessas raridades. Contam com sorriso no rosto e leveza na alma sobre as histórias fora do padrão que vivenciam.

E ambos dizem o mesmo: É especial!

E você? Tem a sorte de ter algum ser especial na sua vida?

Publicado en español por Masticadores de Letras, miralo aquí.

Foto autoral. Ipê rosa de Brasília / Julho, 2020.

34 comentários sobre “Ser diferente é especial

  1. Hudson

    Obrigado por nos trazer esse tema, Nicole! Conheço muito pouco, mas sei que são pessoas muito especiais! Conheço duas com essas características e gosto muito de conversar com elas! Tenho a certeza de estar falando com anjos , tal a pureza que vejo nelas!

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    1. Realmente: são anjos! Eles vem para nos ensinar sobre pureza, amor e sobre o que realmente importa. E tem muitos adultos que poderiam entrar no TEA, mas não são diagnosticados. Parece que agora que o tema tem chamado atenção. Beijos!

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  2. Luciana

    É isso… Está tudo bem! Parabéns por tocar em um assunto tão importante e delicado. Compreender e respeitar a neurodiversidade é essencial e depende de pessoas que, como você, decidiram pensar fora da caixinha. Como te disse (em umas das nossas conversas), este assunto ainda vai nos presentear com ótimas resenhas… Profundas, mas com a devida leveza de quem enxerga o mundo e as pessoas com afeto e amor. Grande beijo.

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    1. Lindo, Lu! Você está me ensinando muito, como sempre. São essas boas conversas que vão abrir o coração das pessoas e mostrar que a vida é muito mais sentir/apreciar do que julgar/ter. Sou feliz por seres especiais como você surgirem na minha vida! Beijos em todos!

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    2. Conheci muitos “diferentes” que me revelaram muito de mim mesmo, na verdade o que em mim estava (está) em falta. Com certeza, a espontaneidade e muito especial a forma verdadeira de serem. Pessoas inesquecíveis que me fazem falta até hoje. Muito bom escrever sobre isso e levar adiante. Um abraço carinhoso, Nicole e muito obrigado por trazer, com teus posts, momentos que marcaram minha vida.

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      1. O fato é que todos nós somos diferentes, né, Fernando? O problema está em tentarmos todos entrarem numa caixinha que alguém padronizou. Apenas sejamos o que somos e queremos, assim como esses seres especiais que estão aí para ensinar a gente. Meu coração se enche de alegria por saber que os textos estão te trazendo boas lembranças. Sempre bom tê-lo aqui! 🙂

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  3. Sim conheço, e adoro conversar com ele, é de uma pureza e tão verdadeiro em tudo que fala que se torna muito agradável a conversa, além de ser uma criança muito calma, Só me sinto triste ao ver a dificuldade que nossa sociedade ainda tem de aceitar e entender essa diversidade como algo positivo. Bjs

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  4. Mary

    Sim conheço, e adoro conversar com ele, é de uma pureza e tão verdadeiro em tudo que fala que se torna muito agradável a conversa, além de ser uma criança muito calma, , Só me sinto triste ao ver a dificuldade que nossa sociedade ainda tem de aceitar e entender essa diversidade como algo positivo. Bjs to amando o Blog, parabéns!!

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    1. Obrigada pelo carinho!! Fico feliz que esteja gostando do blog! Acredito que eles estão aqui para transformar nossa cabeça e abrir nosso coração para além do que estamos automaticamente acostumados. E isso é muito bonito! Um beijo 🙂

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    2. Oi Nicole, vou aproveitaro o momento, seu interesse, e indicar um dos meus livros favoritos, desses que acho que todo mundo deveria ler, Passarinha, conta a história de uma criança no espectro, e é de uma delicadeza, vale muito a pena ler.

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  5. Renata Rodrigues

    Bom dia….então Nicole conheço 2 casos …sendo o primeiro bem próximo…tenho uma irmã especial e o segundo caso e um garoto um rapazinho adolescente de nome Guilherme o Gui para os mais chegados tbm sendo especial…aprendemos mto com eles!!

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    1. Que experiência, Estevam! Imagino como deve ser desafiador. Na sua opinião, o ideal seria todos os alunos na mesma turma ou criarem turmas separadas? Pelo que já conversei com professores, muitos não sabem dizer se o melhor seria o ensino inclusivo ou “especial”.

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      1. Eu sempre sugeri um trabalho hibrido: E nos momentos de inserção, preferencialmente, com alguém para mediar. O difícil é conseguir dar a atenção devida, mas, com mais 35 ou até mais em sala, o trabalho sempre fica pela metade. Na rede pública, por incrível que pareça a inclusão é mais avançada que na rede privada, mesmo que a qualidade seja muito inferior. Trabalho nas duas redes.

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      2. Os sindicatos e comunidades cobram mais do poder Público. Em geral, famílias que matriculam seus filhos na rede privada, têm condições financeiras melhores, o que torna a inclusão, nestes casos, camuflada. Na rede privada o que fica mais evidente são as questões de gênero e classistas…

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  6. miragem da objetividade

    É lindo ver perfis que rondam a essência da rede de apoio, que todas as redes deveriam ser! O seu é um deles Nicole. Gosto muito de ler seus textos e as interações. Esse é um tema muito sensível, estamos tão chafurdados na nossa realidade as vezes que esquecemos de lidar e dar voz ao diferente, ao outro que pode ser hipersensível no caso dos neuroatípicos, que só essa atipicidade, já os faz especiais, num mundo muitas vezes, típico até demais! Abreijos.

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    1. Que lindo seu comentário, foi um verdadeiro abraço virtual! 🙂 E torço para esse espaço seguir como uma rede de apoio, porque estamos precisando muito disso. Obrigada pelo carinho!

      Eu nunca tive um convívio próximo com alguém dentro do TEA, mas admiro de longe a pureza deles e os pais que recebem esses presentes. Deve ser doloroso em vários momentos – principalmente pelo preconceito – mas o aprendizado deve ser único! Outro abreijo e adorei te ver aqui!

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      1. miragem da objetividade

        Com certeza, a marcha dos que fazem sua vida em vários aspectos uma ‘rede de apoio’ está ativa! Em seu trabalho de formiga diário, conectando, afagando. Entre conversas, e não obstante, flores!

        Eu também nunca estive, mas já conheci histórias, todos queremos entender nosso lugar no mundo, e todos temos provações únicas, que todos encontremos a força necessária para nossos desafios, construções e desconstruções! Abreijo, ótima semana Nicole. 😀

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  7. Bom dia Nicole… participava de um blog coletivo chamado “Pense fora da caixa” (extinto) cujo desafio certa vez foi o mote: Nós, iguais e diferentes. Da minha participação saiu a música https://panografias.com.br/nos-iguais-e-diferentes/ que atenta justamente para as diferenças e o respeito que deve existir entre nós (o bullying deve ser banido das escolas). A gravação é caseira mas o apelo é mundial. Especial é aceitar as diferenças. Parabéns por mais este tema tão necessário nos dias de hoje… que sua semana seja abençoada! Beijo no coração

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  8. Eu acredito que muitas pessoas tem certa dificuldade de enxergar o diferente, não por maldade, mas por medo do desconhecido mesmo. Por isso, penso que é muito importante buscarmos entender mais e sermos mais receptivos a tudo que é novo para nós. Só temos a ganhar com isso e nosso mundo aumenta de tamanho quando aprendemos com o que essas diferenças podem nos trazer.
    Inclusive, textos como esse ajudam muito a trazer um pouquinho dessa realidade que nem todos conhecem. Muito obrigada por compartilhar, Nicole 🙂

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