A busca da fé

Por que os jovens estão cada vez mais distantes das religiões? Tal questão tem rondado minha cabeça esses dias. No meu caso, vejo que estou no processo de aprender a nutrir minha vida espiritual e buscando ter mais consciência sobre a vida. Por outro lado, tenho me desprendido cada vez mais de estruturas religiosas e conceitos rígidos.

Tem vários pontos que me distanciam. Um deles é a falta de diálogo e a imposição de discursos. Não há uma troca nem flexibilidade nas crenças, embora o mundo esteja se transformando todos os dias. E não importa a religião.

Outro ponto é a ideia de seguir o que um indivíduo de carne e osso diz. E não poder questionar. Vejo muitas pessoas humildes serem enganadas por líderes religiosos e isso mostra como é perigoso colocar a própria fé nas mãos de outra pessoa. Ninguém aqui é melhor do que ninguém. Uns estudam mais, outros menos. Mas sabedoria não vem de livros.

Não é fácil ter a virada de chave, mas muitos jovens estão cada vez mais próximos da compreensão da espiritualidade de forma independente. Olha quantos não frequentam qualquer templo e são seres humanos brilhantes. Sentem que simplesmente não precisam de um espaço fixo e de regras criadas pelos homens para terem sua fé.

Frequentar um lugar que dá paz é maravilhoso, claro. O que não significa ser obrigatório sair de casa ou ouvir um discurso para ser abençoado(a). A mãe de uma amiga dizia: se estiver em uma situação de perigo, fecha os olhos, imagina uma bola de sabão enorme te envolvendo, você está protegida.

Assim como minha vó, não preciso me apegar a um lugar específico ou “ir lá” para ter a minha fé. Ela está dentro de mim, assim como está dentro de você. Alguns podem se reconhecer aqui.

Foto autoral. Mais ipês amarelos / Brasília, 2020.

17 comentários sobre “A busca da fé

  1. Sabe que eu tive uma ideia completamente oposta alguns anos atrás. Eu pensei comigo, nossa, como tem jovem indo na igreja. E eu digo isso pois na época em que fui professor de ensino médio, creio que entre todos os alunos uns 70% seguiam alguma doutrina e a praticavam. Pode ser uma amostra menor, mas quando eu frequentava grupo de jovens mais assiduamente, eu percebia também em meu meio como tinha jovem dentro da igreja. Pode ser que a coisa tenha mudado hoje em dia, mas eu via também muito jovem com medo de dizer que era da igreja, ou com vergonha de ser taxado de burro ou de doutrinado. Enfim, são pontos de vista diferentes. A gente acaba enxergando mais as tendências dentro do contexto em que estamos inseridos.

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    1. Que interessante, Juliano… sim, depende do contexto. Por exemplo, no universo dos meus amigos, não lembro de ninguém que frequenta alguma igreja/centro/templo. Tem umas pesquisas na internet falando que os jovens estão se distanciando das religiões, depois da uma olhada no Google. Bom domingo!!

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  2. Perfeito!
    Eu amei o texto e acho que é bem por aí mesmo. O problema nunca foi a fé, o problema são as pessoas e as instituições que usam dessa fé para manipular as pessoas.
    Por este e por outros motivos não frequento nenhum tipo de igreja ou instituição, mas a minha fé está sempre aqui comigo! 🌺💕

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  3. Nos meus quase 50… já passei por diversas fases: criança curiosa orante de família; adolescente descrente e questionador inclusive na família; jovem adolescente, líder de movimentos juvenis, Vicentinos, grupos de jovens, ministro da palavra, mas, de uma fé, um tanto ingênua; jovem seminarista franciscano, estudando exegese, introdução á teologia, filosofia, bem crítico; jovem adulto, num misto de vida ‘profana’ e ‘sagrada’, fora da Vida Religiosa; adulto jovem, estudante de filosofia e introdução á teologia, novamente, na Vida Religiosa, na condição de frade franciscano, quase um ateu, mas, muito mais próximo do agnosticismo; Adulto, fora da Vida Religiosa, estudante de Pós e Mestrado em Ciências da Religião com pesquisa sobre o Rosto de Deus que revela no rosto do outro; professor de Ensino Religioso (Rede Pública e Privada), para jovens de 10 a 20 anos. (Rede Pública, uma galera juvenil, bem perdida, a maioria frequentadores de Igrejas e movimentos pentecostais e neopentecostais, com raríssima exceção, bem orientados por lideranças (pastores, padres) realmente comprometidos com a fé. Na Rede Privada, quase sempre uma fé mais tradicional e em alguns casos conservadora (Católica ou Protestante histórica).
    Em breve chegará ás livrarias meu primeiro livro. Será acadêmico (minha dissertação de mestrado). Alteridade e Sentido Ético da Religião (título). Nele, apresento a ideia que mais me identifico sobre Deus e não, necessariamente, sobre Religião: Deus se revela no Rosto do Outro (diferente, pobre, perseguido, discriminado, excluído, por ser mulher, negro, indígena, etc).
    Tenho muito medo de quem tem necessidade de manifestar fédemais…

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    1. Interessante sua comparação entre as redes públicas e privadas. Então na pública você acredita que o olhar é menor conservador daqueles que possuem alguma religião?

      Muito boa essa análise sobre Deus. Olho por aí também! Tenho pé atrás com quem manifesta demais, impõe demais e acha que sabe demais 🙂

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      1. Na Rede Pública, crianças e jovens, em geral, de classes sociais desfavorecidas vivem entre dois extremos, mas, infelizmente, caem em outros extremos: ou são cooptados pelo mundo do tráfico ou por lideranças pseudorreligiosas, sem o mínimo de conhecimento para orientar outras pessoas.
        O conservadorismo que prevalece é o moralista (no que diz respeito á sexualidade e á ciência), com visões muito excludentes da realidade.

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  4. Penso que todas as religiões tentam ser confortáveis para quem adere.
    Mas somente a espiritualidade sustenta e fortalece de verdade.

    Religiões dividem a gente. Espiritualidade une.

    Muita gente têm religião enquanto poucas possuem espiritualidade.

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    1. Olho por esse ângulo também! A religião parece mostrar que somos diferentes, já a espiritualidade mostra que somos todos iguais.

      Mas, claro, as religiões fazem bem para muita gente. Só que para outras pessoas parecem caixinhas apertadas…

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