O que é real, afinal?

Há certa sincronicidade do universo até o texto pegar forma. Este aqui, por exemplo, começou em uma conversa de 2 meses atrás. O assunto era números em redes sociais e a minha inocente descoberta de que é comum as pessoas comprarem seguidores.

Fiquei perplexa. Por que números impressionam? Para onde eles levam? Quando comecei a publicar meu textos, em abril, uma amiga disse: “não se sinta obrigada a postar sempre”. E isso ficou martelando na minha cabeça. As redes sociais têm muitos pontos positivos, sem dúvidas, mas elas também sufocam e enganam. E manipulam.

Para aqueles sensível com a opinião alheia, os criativos, os espontâneos e por aí vai, elas se tornam ainda mais apertadas. Engaje milhares de seguidores, tenha publicações constantes, chame atenção. Mas qual o objetivo final disso tudo? Alguns só querem trocar coisas boas.

É um ciclo que está adoecendo gerações. Não está saudável. E o documentário O dilema das redes fala sobre tudo isso e a partir da perspectiva de profissionais que criaram diversos desses mecanismos, como o botão curtir do Facebook. Os filhos deles não usam redes sociais, muitos deles também não usam.

Tomara que a leveza um dia fale mais alto no meio disso tudo. Até as democracias e o meio ambiente estão sendo impactados por algo que não nos deixa saber o que é real. Ando vendo um movimento de criação de “comunidades” mais próximas e mais conectadas. Será essa a alternativa de fuga? O melhor – e o pior – da vida está fora do feed, não esqueçamos disso.

Foto autoral. Praia de Ipanema / Rio de Janeiro, 2020.

29 comentários sobre “O que é real, afinal?

  1. Alex Antunes

    Nossa! Que pergunta difícil! Estamos tão acostumados a considerar como real tudo aquilo que cai sob os nossos sentidos que procuramos fazer uma distinção entre real e não real no dia-a-dia. Como faz falta a filosofia numa hora dessas!!! 🤔🤔🤔
    Em relação às redes sociais, eu penso que elas estão muito ligadas à internet. Se um dia a internet deixar de existir, elas deixam de existir também. Tudo que é novo geral polêmica. O problema das redes sociais é que muitas pessoas, nem todas acham que os relacionamentos através das redes sociais não são reais. Relacionamentos reais seriam somente aqueles com pessoas do mundo real e não do mundo virtual. Porém acho essa distinção um pouco pobre. Quando nos relacionamentos pela internet, nos relacionamos com pessoas reais. Talvez isso acontece com as pessoas comuns. Já com as celebridades, é um pouco diferente, pois elas procuram passar uma imagem e resguardam as sua privacidade. Mas, enfim, sei que as redes sociais tem muitos relacionamentos falsos. Mas, dependendo das pessoas, podemos ter também relacionamentos verdadeiros, ainda que limitados pelas fronteiras do mundo digital.

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    1. Ah… com certeza, Alex! Também acho que as relações podem ser verdadeiras. O problema, pra mim, está em relações às informações que recebemos e do que seguimos. Somos manipulados por tudo aquilo que chega. Quando a relação é entre ser humano com ser humano, pode ter verdade. Mas se for ser humano e redes não acredito. Obrigada pelo comentário! 🌻🙂

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      1. Alex Antunes

        De nada, Nicole! 🙂
        Obrigado por sua resposta sincera.
        Confesso que passei um pouco desatento ao seu ponto de vista neste texto. Creio que você está falando a partir do documentário “O dilema das redes sociais”. Confesso que não estava nem mesmo sabendo desse documentário. Por isso achei muito interessante você ter mencionado ele. Porém acredito que, infelizmente, não terei acesso a ele por alguns motivos. Mas, se postarem ele no Youtube, eu tentarei ver.

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      2. Alex Antunes

        Ah, sim. 🙂 😉
        Fiquei curioso para assistir a esse documentário. Infelizmente eu não tenho acesso à Netflix. Tomará que ele fique disponível no Youtube.

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  2. Alex Antunes

    Correção: … NÃO procuramos fazer uma distinção entre real e não real no dia-a-dia.

    Bom dia, Nicole! Hoje você escolheu um tema muito filosófico! Você está muito inspirada. Parabéns! 👏👏👏

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  3. É triste ver que cada vez mais pessoas confundem o virtual com o real. São inegáveis os benefícios trazidos pela tecnologia e as possibilidades ofertadas pelas redes sociais, mas acho que temos perdido muito a mão no uso que fazemos delas. Tomara que resgatemos a importância das conexões reais.

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  4. Um bom tema Nicole, apesar de se tratar de um assunto que podemos andar ás voltas e voltas e não chegar a lado nenhum. O que referiste dos criadores de redes sociais e filhos não usarem as mesmas, já tinha conhecimento.
    A situação de se comprar ou competir por “likes” é a próxima geração, os miúdos de hoje em dia vivem disso, relacionamentos são formados assim, tudo muito diferente da nossa altura. Já não há muito para fazer neste aspeto, a única coisa que podemos fazer é acompanhar o processo e educar futuras gerações a tentar fazer o melhor uso das redes socias e da internet. Creio que a nossa falhou muito nisso.
    Eu sou artista plástica e dependo muito da internet, nos dias de hoje é a melhor ferramenta que temos a nível de divulgação de trabalho e podemos fazer muito por nós próprios (claro que custa horas e horas de trabalho), os “likes” não me interessam muito nem ser visualizada, interessa-me pessoas com conteúdo interessante o qual se possa debater e aprender com isso.
    Mas a verdade é que o “like” dá um impulso e facilita tudo, para algumas pessoas é a dopamina delas, sem esse impulso entram em ansiedades e depressões. E esse botãozinho está tão bem estudado, que quem o criou e onde o pôs sabia perfeitamente o que provocaria no ser humano, sabia os nossos comportamentos.
    Na internet existe realidade, temos é que olhar e pesquisar muito para a conseguir distinguir no meio de falsas aparências e mecanismos encobertos para nos provocar a agir de determinada forma. Ultimamente tenho encontrado vários casos “muito escuros” da net – desde redes de pedofilia encobertas de contudo para crianças, falsas filmagens para provocar determinado sentimento considerarmos as pessoas como amáveis e ser tudo encenado… enfim o pior do ser humano camuflado de belas ilusões.
    Pouco é real, mas ainda existe algumas pequenas coisas reais exige é muito esforço para as encontrarmos.
    Um abraço, desculpe o comentário exaustivo, gostei muito do tema.

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    1. Irina, eu imagino como deve ser para uma artista trabalhar com redes sociais. Essa ânsia que existe por curtidas e seguidores é algo que, pra mim, sufoca qualquer criatividade genuína.
      Bom que alguns conseguem não se prender nessa lógica doida, como você! E uma pena que outros tantos estão adoecendo.
      Sim, temos a missão de ensinar as próximas gerações a fazer um bom uso das redes e da internet. Tomara que a gente consiga! Abraços transatlânticos! 💜

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      1. A minha mentalidade é de fazer o melhor que sei, não postar constantemente (até porque o meu numero de publicações no blogue tem vindo a diminuir, pretendo fazer posts 2/3 vezes por semana mas com qualidade do que encher o blogue de tralha que ninguém quer ler), o mesmo se passa nas minhas outras redes sociais, aposto na qualidade do que na quantidade. Se me sentir “obrigada” a fazer nada é natural é forçado e isso não pretendo, destrói-me como artista e pessoa.
        E gosto destes diálogos, perspetivas, trocas de ideias é muito para isso que serve o wordpress, faz bem e é saudável.
        Um abraço transatlântico para si também. E um excelente dia.

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      2. Acredito que temos olhares parecidos! Essa troca do WordPress é maravilhosa. Para mim é até o que mais importa. Adoro quando alguém interage e troca algum conhecimento comigo a partir dos textos. Quando postamos muito isso acaba se perdendo, não há tempo para as pessoas consumirem de forma saudável tanta coisa que há na internet. Excelente dia também! 🌻

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  5. Coincidência, um cliente me falou deste documentário ontem mesmo. Mas, parecia mais preocupado em parecer outsider do que se estivesse nas redes! Eu deixei de seguir vários blogs que pareciam que publicavam por obrigação (aliás, coincidências a parte, escrevi sobre isso tb, creio que semana que vem pinta por aqui). Pra mim menos é mais, Prefiro menos conteúdo mas com mais qualidades. Estamos perdendo a genuidade, infelizmente.

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    1. Nossa, eu também estou quase deixando de seguir uns blogs! Até aqui tem algumas coisas das redes sociais “clássicas”. Tipo começar a seguir querendo ser seguido de volta, curtir querendo curtida. E aí chegam os excessos de publicações que ninguém nem consegue acompanhar!

      E assisti ao documentário! Ansiosa pelo seu texto. 😃

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  6. Alex Antunes

    Estou vendo algumas opiniões, no Youtube, sobre o documentário “O dilema das redes”. Estou achando interessante ouvir a opinião das pessoas, ou formadores de opinião. É, um assunto, de fato, interessante. Não sei se vou fugir do assunto, mas me veio ao pensamento a questão do 5G, que vai tornar a internet muitas vezes mais veloz e possibilitar muitos outros tipos de uso da internet, como em eletrodoméstico, por exemplo. O 5G, de certa forma, aumentaria ainda mais o poder das redes sociais.

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      1. Alex Antunes

        Pois é, Nicole! 😀 Estamos ficando cada vez mais enredados na tecnologia, presos na rede da tecnologia. E por coincidência ou não, internet significa rede (net) + internacional (inter). Ou seja, a internet é uma rede de conexões.

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  7. preparei duas aulas para meus educandos da 3ª série E.M, sobre os dilemas contemporâneos, antes da Netflix publicar o dilema das redes: trabalho com os dilemas tecnológicos; os dilemas ambientais; os dilemas políticos, os dilemas econômicos, os dilemas do mundo do trabalho e encerro as aulas sintetizado: o que estamos a assistir e curtir formam nossos dilemas éticos…

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  8. Tenho a felicidade de trabalhar numa das melhores escolas do país com estudantes estudiosos (parece pleonasmo, mas não é), que se dedicam e mais do que só aprender também ensinam… isto é muito gratificante e enriquecedor…

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  9. Muito legal esse post, Nicole. Eu assino embaixo, pois tais indagações/reflexões pululam vez por outra aqui na cuca! rsrs
    Espero (do esperançar) que a maturidade e a sabedoria dos humanos se elevem e, por consequência, possam se impor frente aos atuais artificialismos e sede por dominação e impressionismo.
    Valeu. Abraço!

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    1. Bom te ver aqui, Dattoli! Acontece o mesmo na minha cuca e tenho um movimento de afastamento e proximidade com as redes. Também tenho esperança na maturidade, embora veja ainda como algo bem distante. Abraços e obrigada!!

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