Atenção no seu barco

Da série coisas que ouvi e gosto de compartilhar: atenção no seu barco. Além de alimentar bem a alma e limpar o copo sujo, também é recomendável ter boas companhias por perto. Foi o que comentou a antropóloga Mirian Goldenberg em palestra sobre a bela velhice dia desses.

Definitivamente, ninguém é obrigado a conviver com quem é pesado e suga a energia. Os costumeiramente chamados de vampiros emocionais. A não ser que more na mesma casa e, infelizmente, seja impossível manter o distanciamento.

Existe certa romantização, principalmente quando envolve família e relações longas, de que é um dever estar por perto e dar o máximo para o outro. Não caia nessa. Cuide do seu barco. Coloque nele pessoas que te fazem bem, que são leves. Ninguém tem que carregar a mochila de ninguém.

Saia devagarinho, comece a dizer não, procure o que é bom para você. Antes que possa parecer: cuidar de si mesmo não é egoísmo. Só quem está equilibrado – mesmo que minimamente nesses últimos tempos – é capaz de ajudar os outros. Já aconselha a aeromoça: Coloque sua máscara de oxigênio primeiro. É uma rede, um multiplicar de bem-estar.

Se um passageiro do seu barco é tóxico, ele vai intoxicar todos os outros. Inclusive você. Não é sobre virar as costas para quem se ama, mas ter atenção aos próprios limites e respeitá-los. Amor faz o bem. Olhe para o seu barco, você está bem acompanhado?

Foto autoral. Flores do cerrado / Brasília, 2020.

29 comentários sobre “Atenção no seu barco

  1. Alex Antunes

    Bom dia, Nicole!
    Obrigado por você ser realista! Infelizmente os relacionamentos familiares também pode ser marcados por abusos. Você citou, por exemplo, o vampirismo emocional. Sim, eu também acredito que isso exista e aconteça. Existe até o vampirismo energético: o sugar a energia do outro. Mas digo isso não para banalizar essas obras das trevas, mas para advertir as pessoas sobre sua existência. Existem também muitos outros tipos de abusos nos relacionamentos familiares. Partindo do meu exemplo, infelizmente, eu nasci em uma família desestruturada. Tive uma infância muito sofrida e também adolescência e tudo isso atrapalhou a minha vida toda, inclusive piorando um transtorno psiquiátrico com o qual eu tinha sido diagnosticado na minha infância, desencadeando anos mais tarde um transtorno mais grave em uma situação provocada por uma pessoa que não era da minha família; mas eu prefiro não falar disso aqui.
    Por isso, é importante que os filhos sejam criados para terem independência na vida. Mas, infelizmente, muitas famílias são desestruturadas e não conseguem dar as condições adequadas para seus filhos se tornarem independentes.
    Bem, não quero fazer deste comentário uma longa lamentação pessoal, mas espero que sirva de exemplo como os relacionamentos familiares podem ser destrutivos.
    Para terminar, gostaria de citar um trecho do Evangelho, que mostra que estamos em tempos hostis, tempos maus como diz São Paulo.
    “Pois de ora em dian­te haverá numa mesma casa cinco pessoas divididas, três contra duas, e duas contra três; 53. estarão divididos: o pai contra o filho, e o filho contra o pai; a mãe contra a filha, e a filha contra a mãe; a sogra contra a nora, e a nora con­tra a sogra.”” (São Lucas 12, 52-53.)

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    1. Obrigada por compartilhar sua história, Alex! Alguém vai se identificar com ela e ver que não é o único. Concordo que os pais têm o papel de criar os filhos para serem independentes, mas são poucos os que conseguem. Mesmo familiar conhecidas por serem estruturadas controlam as escolhas dos filhos. Bom sábado pra você! 🌻

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      1. Alex Antunes

        De nada, Nicole! 🙂
        Fico contente de você ter compreendido o meu ponto de vista. Nem sempre temos histórias felizes para compartilhar. O ser humano é falho, E, no meu caso, eu sofri as consequências negativas das limitações dos meus pais.
        Obrigado por você partilhar comigo a sua sabedoria. 🌻
        Bom sábado pra você também! 🙂

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  2. Alex Antunes

    Nicole, o título do seu texto me fez lembrar de uma música do Padre Zezinho. Ele foi o pioneiro dos padres cantores aqui no Brasil. O título da música é “Há um barco na praia.” É uma música sobre vocação. O tema pode não interessar a algumas pessoas, mas a música é linda. Pelo menos, eu acho. Para outra pessoa pode ser que não seja, cada um tem um gosto e uma sensibilidades, não é mesmo? 🙂

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      1. Alex Antunes

        De nada, Nicole!
        A propósito, o nome correto da música é “Há um barco esquecido na praia.” Música do Padre Zezinho. Os católicos mais antigos vão se lembrar dele.
        Barco é coisa muito simbólica. Você escolheu bem a palavra. 🙂

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      2. Alex Antunes

        Nicole, tem uma música do Padre Zezinho que fala de uma família feliz. O nome da música é UTOPIA.Não sei qual foi o ano de lançamento dessa música, mas é de um contexto histórico mais antigo. A música apresenta um modelo de família feliz. É uma música bonita, mas não sei se os mais jovens vão se identificar, pois o contexto da música é mais antigo. Se formos fazer uma comparação com as famílias de hoje, veremos que a realidade de hoje e os desafios familiares são outros. Por isso, eu acho que os sinais dos tempos indicados pela Bíblia nos ajudam a compreender a situação das famílias hoje em dia. Eu sei que seu blog procura ser mais neutro em questões religiosas. Por isso, espero não estar extrapolando os limites ao tocar nessas questões religiosas.

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  3. mariogordilho

    Muito legal o texto de hoje, Nicole. Sempre me impressiono com a sua capacidade de sintetizar tão bem assuntos tão complexos. De fato, amar a si mesmo é pré requisito para amar aos demais, e para o auto equilíbrio. Bom final de semana!

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  4. Alex Antunes

    Estamos vivendo em tempos muito difíceis! 😟 Tempos de maior desagregação ou desestruturação familiar. Maior carga de trabalho para os pais. Maior carga de estudo para os filhos. As tecnologias modernas, como televisão, e mais recentemente, a internet, que em si não são nem más nem boas, mas que despertam as crianças e os jovens para realidades que antigamente eram descobertas somente quando adultos. Um estilo de sociedade competitiva em todas as áreas dos relacionamentos humanos. Como por exemplo, a competitividade capitalista acirrada, o desemprego, o subemprego, a competitividade dos jovens para entrar nas Universidades, o estilo de vida frenético das cidades, a falta de tempo para cultivar relacionamentos mais humanos, entre vários outros tipos de problemas, tudo isso traz problemas para muitas famílias. Nesse sentido, infelizmente, até mesmo dentro das famílias podemos encontrar relacionamentos tóxicos ou abusivos. Felizes, porém, as famílias que nesse turbilhão de problemas do mundo de hoje conseguem manter os laços familiares unidos no amor, na bondade, na compreensão, na educação amorosa dos filhos, no respeito aos pais, …

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  5. Belo texto! Você está conseguindo fazer isto? Na minha vida pessoal eu consegui isso fazem alguns anos, agora na profissional nem sempre é possível… Mas um pouquinho de tolerância e um pouquinho de foda-se não faz mal também não. Eu penso que se alguém te suga muitas vezes pode ser devido a algo que a pessoa procura e não encontra, ou até mesmo um pedido velado de socorro. Claro que devemos pensar na gente primeiro, mas creio que o discernimento é o melhor remédio. E essa dosagem a gente só adquire ao conhecermos nós mesmos. um forte abraço.

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    1. Acho que estou num momento que tenho conseguido, mas o coronavírus deu uma ajudada. No trabalho, as pessoas são bem tranquilas. Na vida pessoal, essa postura é bem recente na minha vida. O discernimento realmente é importante e tem a ver com nosso autoconhecimento! Obrigada 🙂🌻

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  6. Hudson José Capanema

    Há dois contextos distintos nesse teu lindo e complexo texto!
    O primeiro se refere às pessoas que temos que cuidar, mas que precisamos estar bem para fazê-lo! Há poucos dias, em conversa com um ente familiar muito querido, usei desse mesmo exemplo da comissária de bordo (estamos em sintonia)!
    O segundo se refere às pessoas que surgem na nossa vida e que parecem pessoas boas, mas, pouco a pouco, vão se tornando tóxicas e um peso para o nosso barco. É preciso estar atento aos primeiros sinais e sair fora. Tenho pouca experiência nesse tema, porque, apesar dos perrengues que passei na vida, sempre tive muita sorte em encontrar pessoas maravilhosas na minha caminhada, especialmente nos ambientes de trabalho e, mesmo navegando em águas revoltas, tenho mantido meu barco leve e em ótimas companhias!
    Parabéns pelo texto! Bjs

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    1. Que coincidência, Hudson!! Ouvi essa frase do avião em uma série e adorei. Meu barco também costuma ser leve, só às vezes que aparece algum navegante meio fora de sintonia e eu jogo no mar (com bóia) kkkk Obrigada!!!

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  7. Renata Rodrigues

    Boa noite Nicole…tarefa mta das vezes complicada e dificil que é saber lidar com desafetos,vampiros emocionais…mas acredito que à casos em que sejam eles degraus de evolução em nossa jornada,tanto aprendemos como ensinamos…mas obviamente que existam aqueles que de nada acrescentam de bom so nos fazem o mal,sugando nossa energia,o que neste caso devemos nos afastar…eu procuro usar de sabedoria analisando o terreno,sabe um dos seus ultimos temas que falava sobre falar o que sentimos acho que é isso..me perdoe se estiver equivocada…mas acho que e bem por ai eu sinto a energia de cara da pessoa logo ja me protejo pedindo proteção a Deus sempre!!
    Fica c Deus…abraço

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    1. Muito interessante, Nicole…
      Eu li algo parecido no livro de Ivan Masney “Quem está na sua sala” Ele fala que podemos devemos ter cuidado ao permitir que alguém entre em nossa vida porque esta sala só tem uma porta de entrada e não tem saída…

      Abs

      João Sergio

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