O dilema

Em abril, quando comecei a escrever com disciplina e a publicar textos na internet, não sabia qual caminho seguiria. Não sabia qual tema abordaria, qual foco daria, qual frequência. E as inspirações foram chegando e se apropriando das minhas mãos sem esforço. Hoje vejo o quanto escrevi. Nem acredito.

Nesse fluxo imprevisível, me vejo contando também minhas próprias histórias. Iniciei batendo um papo sobre o passado e fui parar no meu presente. O objetivo nunca foi falar sobre o que faço ou deixo de fazer, mas usar minha normal vida para ilustrar o que falo. Sinto ser meio vazio escrever sem contar histórias.

É tão bom conversar. E então me vejo no dilema de saber qual limite. Até que ponto é saudável contar sobre mim? Acrescenta algo positivo na vida daqueles que gostam de me ler? O que mais tem pela internet são pessoas divulgando uma vida encantada que não existe. Não quero passar isso, até porque é fake.

Todos têm caos, angústias, problemas. Só muda a intensidade. O jardim de ninguém é mais verde. E muitas de nossas frustrações aparecem porque criamos a ideia de que o outro é mais feliz do que ele realmente é. Agora mesmo estou escrevendo de um lugar que estou passando férias. Foi um daqueles meus impulsos. E tenho muita coisa para contar.

Parece que a escrita vai deixando a gente mais íntimo. Viu? Comecei falando de uma coisa e já quase parei em outra. Dá vontade de compartilhar. É isso: compartilhar. É contar, mas também ouvir. Ou trocar. O que não quero é criar tipo um compilado de roteiros de viagens na versão experiências de vida. Sai fora, roteiros. Cada um tem que ir para ver com os próprios olhos. Na batida do próprio coração.

Foto autoral. Vistas de férias / Novembro, 2020.

30 comentários sobre “O dilema

    1. hudsoncapanema

      Eu, que tenho a petulância de me considerar um dos teus mais fiéis seguidores, não imaginava que teu blogue teria a dimensão que tem hoje. Confesso que em algum momento fiquei preocupado por achar que estava se tornando uma obrigação escrever, o que não combina nem um pouco com você! Ainda bem que você seguiu o conselho de uma grande amiga e passou a dosar a frequência de publicação dos textos. Não sei como funciona os outros blogues, pois só acompanho o teu. Mas acho natural que você fale sobre tuas experiências, tuas viagens, teus sonhos, teus impulsos, tuas preocupações. E é interessante ver como as pessoas interagem e compartilham suas próprias experiências, e aí que se dá a troca e o crescimento de todos.
      E acredito que os teus textos acrescentam muita coisa positiva na vida dos que gostam de te ler, porque provocam reflexão e despertam bons sentimentos!

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  1. Alex Antunes

    Boa tarde, Nicole!
    Interessante a sua reflexão. Parar e fazer uma avaliação, isto é importante e é o que você está fazendo. Isso também demonstra a confiança e amizade que você tem com os seus leitores, pelas quais me sinto agradecido a você.
    Eu gosto de ler seus textos. Eles me propiciam um momento de diálogo saudável. Gostaria que você escrevesse mais. Não digo x vezes por semana, mas que, quando você sentisse vontade de escrever algo a mais, nem que fosse um parágrafo, que você se sentisse livre para fazê-lo.
    Lendo seu texto, eu senti que você deseja a opinião de seus leitores, por isso estou dizendo essas coisas com todo respeito e carinho que você merece e me arrisco a dizer também que, se você desejar, você pode tentar escrever mais textos em estilo mais reflexivo, como este texto de hoje, mas partindo de fatos ou acontecimentos que lhe chamam a atenção, mesmo que pareçam insignificantes para os outros. (Isso é só uma sugestão.) Seu estilo de escrever já está muito bom, mas acredito que você iria gostar de tentar algo diferente sem perder o que já conquistou na arte da escrita.
    Parabéns pelo seu blog!

    P.S.: Boas férias! 🙂

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    1. Obrigada, Alex!!! Você sempre tem muito carinho por mim. Adorei sua sugestão! Farei o possível para escrever mais textos reflexivos e com bons exemplo. E siga com sugestões, são muito importantes pra mim 🙂🌻

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      1. Alex Antunes

        De nada, Nicole!!! 🙂 Você merece!
        Fico contente de você ter gostado da minha sugestão.
        Se eu tiver mais sugestões, eu lhe direi. Obrigado por você estar aberta à sugestões. 🙂 🌻

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  2. elcieloyelinfierno

    Boa tarde Nicole. O que você começou a escrever e agora está surpreso com o quão longe você chegou, não precisa ser uma parede que o impede de fluir. Você conhece bem essa parte da nossa privacidade, nem mesmo o mais próximo sabe disso. Mas se você tem que se identificar, pelo menos é assim que eu me sinto, com quem ou com quem você tem mais empatia, por causa daquela impressão (subjetiva) de sinceridade que as letras dele te dão. Isso é empatia, e é o que tenho com muitos nesta plataforma. Uma linda tarde para você.

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      1. elcieloyelinfierno

        Estou muito feliz por você ter encontrado ou experimentado o caminho. Uma linda noite de domingo. Uma saudação calorosa

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  3. Concordo totalmente com vc sobre contarmos a verdade sobre a vida. A perfeição nao existe. Quando comecei a escrever resolvi ser sincera sobre minha ansiedade através de contos, como uma forma de me fazer entender o que se passa comigo.
    Estou amando seu blog.

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    1. Pois é, Regina. Acho que é levando a verdade que confortamos as pessoas. Tem muita vida nada verdadeira no mundo virtual e isso gera muito sofrimento, frustração e ansiedade. Seus contos são maravilhosos. Fico feliz por você estar gostando dos textos 😘

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  4. Nicole, o caminho se faz trilhando. Pelo jeito gostou de escrever e – parece – te faz bem. Ótimo. Vou aproveitar para trocar algumas reflexões sobre este mundo dos blogs. Quando comecei há dois anos atrás era um mundo desconhecido para mim. Tudo novo. Foi bom. E comecei com expectativas altas: achei que se a pessoa escreve é porque é leitor. Bobagem. Pessoas escrevem por n motivos. Achei que seria um mundo de trocas. Bobagem. Como na vida real, trocas são as exceções. Assim como leitores.
    Estou me pautando pelo prazer de escrever, que é imenso; desmistificando este mundo de blog; me atentando aos que são leitores e nas trocas.
    Assim meus dilemas se aquietaram.
    Qualidade e não quantidade. Pois este mundo de blog há uma lógica na quantidade que pode virar uma roda viva. Na qual não quero cair.
    Abraço fraterno.
    Léo

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    1. Obrigada, Léo! Conselho muito especial. Esse ponto da quantidade já notei e me limito a dois textos por semana, mais que isso acho que não dá tempo nem de haver uma troca. O caminho se faz trilhando e sem expectativas altas. Por isso temos que “aterrar” de vez em quando para entender onde estamos. Beijo grande!

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  5. É isso ai. Cada um que chega pra dentro da escrita, está sempre acrescentando alguma coisa nos outros. Por qualquer forma de comunicação, sexta texto, música, podcast. conversa, desenho, pintura, fotografia, dança, teatro ou uma companhia em silêncio, sempre se absorve algo. Aquele já foi consumidor dessas coisas, também acaba querendo criar. Depois que você observa o mundo por tempo suficiente, você fica cheio de ideias pra dizer, querendo contar e dividir. Um ditado alemão diz que um problema compartilhado é um problema amenizado.

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      1. É exatamente isso. O ato de escrever obriga a mente a organizar o pensamento sobre aquilo e aí é benefício pro próprio autor que estava com aquilo na mente e pra quem vai ler, que já pega o processo feito e vai só acompanhando o desenvolvimento enquanto lê. Para alguns conteúdos, blogs são melhores que livros, inclusive.

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