Para 2021, menos é mais

Em 2015, fiz meu primeiro mochilão pela Europa. Inexperiente, levei uma mala grande e muito pesada. Na escada do metrô em Paris, pedi ajuda para o meu amigo. Eu não aguentava mais carregar aquele peso todo. “Eu estou carregando a minha própria mala. Você precisa levar na sua o que você suporta”, ele respondeu.

Desde então, só viajo com uma malinha de mão ou mochila. Somado a isso, o ano de 2020 também abriu os olhos para o que é excesso. Foram semanas e semanas usando as mesmas roupas, cabelo sem visitar o salão de beleza, unhas naturais. Pares de meias, chinelo e, às vezes, tênis para uma caminhada na rua.

No novo modelo de trabalho remoto, saí de Brasília sem perspectiva de retorno com algumas roupas, documentos e laptop. E percebi, veja só, que estou vivendo muito bem com uma mala de 10kg há uns 6 meses. Ao longo desse período, apenas precisei adquirir o necessário para adaptar à estação. Na minha antiga casa, ficaram livros, vários sapatos, dezenas de roupas e coisas, muitas coisas.

Para que tanta coisa? O que fazer com tudo isso que eu nem lembro mais o que é? Não sinto falta de nada. Agora estou no dilema do que vender-doar-guardar. Na verdade, eu nem saberia listar o que deixei para lá. E entra aí algo novo para praticar: o minimalismo.

Seguir mergulhando no mar claro com o que é essencial e traz algum bem-estar é o alvo. Para ver os peixinhos, basta snorkel, olhos abertos e nada mais. É tão simples. O primeiro passo começou pelo Natal e Réveillon: sem comprar roupa nova. Há muitos vestidos brancos parados lá no armário, disso eu lembro.

Para 2021, menos é mais ser, mais consciência, mais liberdade de escolha, mais leveza na mochila, mais sustentabilidade. Com nossa mudança de comportamento, podemos tirar pesos das nossas costas, do outro e do planeta, afinal: Para onde vai tudo aquilo que não queremos mais?

Foto autoral. Flores do caminho / Dezembro, 2020.

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48 comentários sobre “Para 2021, menos é mais

  1. Sem reparos. Há muito acumulo livros e mais e cds e mais sem falar já nem sei mais o quê. Ficar doente foi o primeiro “toque”: não senti falta de quase nada. Alguns cds, alguns livros , roupa essencial apenas, e assim o meu olhar deixou de ser míope e se tornou mais amplo. A pandemia trouxe, pra mim, a interiorização da interiorização. Agora, embora ainda não tenha me desfeito do que não me faz falta, já estou programando o desapego tão logo passe os exames e haja maior estabilidade na saúde. Que sabe carregar e souber qual o seu real peso sabe o que necessita para viver. Teu texto é muito pertinente e põe em evidência o que realmente é essencial. Mesmo atrasado, como sempre, deixo o meu abraço carinhoso e o desejo de imensa felicidade e muita saúde e paz no já 2021.

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    1. Fernando querido, espero que esteja bem! A pandemia reforçou a importância do que é essencial na nossa vida. Tem coisas que temos apego emocional e isso é ótimo também, né? Mas a maioria dos acúmulos são excessos que nem sabemos exatamente do que se trata. Um 2021 maravilhoso pra vc! Beijo grande 🌻

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      1. hudsoncapanema

        Vamos com calma, Nicole! Assim você quebra a já combalida economia! kkk Eu teria carregado a tua mala, mas, provavelmente, o teu amigo fez o certo! Nas viagens domésticas, viajo sempre com a bagagem de mão, mas não consigo imaginar uma viagem ao exterior sem despachar pelo menos 1 mala! Mas estou longe de ser consumista, como bom mineiro, sou precavido!
        Respondendo a tua pergunta, o que você não quer mais será útil para muita gente. Nunca vendi nada que eu não estava usando mais! Sempre doei, independente de ser roupas, eletrodomésticos, móveis, desde, claro, se estão em bom estado! Depois que voltarmos a “normalidade “ vou fazer um limpa nas minhas roupas! O desapego nos deixa mais leves e ajuda quem precisa. Bjs

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      2. Kkkkk, é bom para as empresas se adaptarem a uma forma sustentável de consumo. Eles não precisam lucrar tanto.
        Eu também costumo doar! E para pessoas próximas, geralmente ficam muito felizes. Início de ano é um bom momento para dar uma geral no armário!!

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  2. Achp q foi um pensamento que mtos adquiraram com a pandemia. Qdo reabriram as lojas aqui, observei que algumas passaram a ser pouco procuradas. As pessoas ficaram com o receio do q poderia vir e começaram a poupar. Penso q tenha sido mais isso do que adaptação à compras online.
    É muito difícil desapegar. Os objetos faz-nos lembrar de um momento, de uma pessoa, de um lugar, mas até q venho superando aos poucos. As roupas vão para doação. Eles recolhem uma vez por mês na frente de casa. O q eu não gosto é que vão ser vendidas com preços democráticos, mas tb ainda não encontrei outra forma. Os outros objetos são vendidos ou doados. Os doados tb vão para venda ou utilizam componentes para repor máquinas defeituosas na oficina deles. Ou vendem como ferro velho. Os papéis adotei o hábito de usar o verso como rascunho ou notas para compras. E assim vai. Rsrs

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    1. É uma adaptação, não é? Vivemos desde sempre com o estilo consumista. Alguns shoppings ficaram lotados assim que abriram para o público. Em relação à doação, costumo dar para pessoas próximas que podem aproveitar ou dar para uma outra pessoa. Os objetivos de valor sentimental também guardo, faz bem olhá-los de vez em quando 🙂
      Boa sua estratégia com papel! Com o plástico, evito sacolas de lojas e supermercados! E assim vamos…

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  3. Dione Santos

    Então o meu ti vira serviu muito bem. Eu reparei mesmo que depois daquela nossa viagem inicial tuas malas diminuíram muito haha. Carregar só o essencial é a nova onda mesmo. Eu tbm larguei todas as minhas coisas em Porto Alegre e estou vivendo numa boa aqui no litoral do SP 😁😁🏖️

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    1. Hahahaha sim, Didi! Seu estilo de não me mimar me ensinou inclusive a fazer as coisas sozinha. Lembra que nem ir ao mercado sozinha eu gostava? Agora já fui até para outro país! Obrigada por tanto e aproveita demais sua vida!!!

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  4. Nicole, adotei o minimalismo, quando decidi morar sozinha. Trouxe apenas o necessário e mesmo assim, após quatro anos, há dois meses fiz uma limpa em meu armário e mandei para doação, quatro sacolas cheias (risos). O ano de 2020, não comprei absolutamente nada a não ser comida. Natal e Ano Novo passei com roupas que já tinha. Sem neuras, apenas vivendo bem o momento. Aproveito para desejar um 2021 de muitas possibilidades de crescimento, saúde e alegrias. Bjs

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    1. Demais, Roseli! Agora que comecei a ler mais sobre minimalismo vejo como já tem pessoas lá na frente. Você é um exemplo! Faz muita diferença quando paramos pra pensar sobre o que realmente precisamos e parece que é um caminho sem volta. Me dá até nervoso qua do vejo muita coisa parada sem utilidade.
      Ah, e as doações com certeza levam alegria pra vida de alguém! Um 2021 maravilhoso pra você! Beijo grande!!!

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  5. Realmente esta pandemia foi importante para percebermos que precisamos de pouco, temos demais e gastamos demasiados recurso. Esperemos que após o seu terminus não voltemos ao passado… e fiquemos mais conscientes e também “inteligentes”!
    Gostei muito do post!

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  6. Faz algum tempo que eu passei a me libertar de certas coisas e venho tentando não deixar acumular absolutamente nada. Está cada vez mais fácil me desfazer das coisas. A primeira vez que me incomodou o excesso foi ao saber que Fernando Pessoa tinha apenas uma mala de coisas e vivia em lugares alugados. Fiquei dias inteiros a pensar nisso. Desde então, vivo para o menos.
    Mas com as viagens, sempre fui de mochila e só. rs

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    1. Lunna, não sabia dessa história do Fernando Pessoa! Essa ideia de concentrar a vida numa mala e viver em diferentes lugares me atrai muito. Agora já peguei a manha das viagens e vou com o mínimo, não importa o destino e a duração. Tomara que a tendência pegue, o planeta vai agradecer pela redução de coisas no mundo. Beijos e ótimo 2021 pra você! 🌻

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  7. Ter a consciência de que podemos viver bem com o essencial é libertador. Nos deixa mais espaço na vida para vivenciar pessoas e experiências. E também torna muito mais prazeroso o ato do consumo, visto que o fazemos com muito mais intenção. É um processo diário esse tal de minimalismo, cada um a seu modo, da forma de te faz bem.

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  8. Eu sempre fui daquelas que morre de dó de se desfazer das coisas. Desde 2019 tenho mudado isso aos poucos e nesse último ano fiz uma limpeza geral nas minhas coisas e roupas. Doei muita coisa e outras nem pra isso serviu e confesso que ainda tem muita coisa. Eu me impressionei, até então não tinha me dado conta de que eu tinha tanto e no fim nem metade é realmente necessário. Já mudei o jeito de me organizar e avaliar o que adquiro, falta organizar o que ainda sobrou. Para 2021 só o essencial 🌺

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  9. Alex Antunes

    Acho interessante o conceito de minimalismo, me lembra o conceito de pobreza evangélica, porém sei que cada um tem motivações diferentes, e, que, portanto, são coisas diferentes, embora parecidos.
    Ao meu ver o minimalismo é uma resposta ao estilo de vida consumista-capitalista, como, por exemplo, o American way of life. Parece que o minimalismo é mais um estilo de vida europeu. Quero dizer, parece que os europeus, enquanto sociedade, estão mais adaptados a viver esse estilo de vida. Porém isso não impede que ele seja vivido em outras regiões do mundo, como no Brasil.
    Na minha opinião, embora entenda os motivos sociais e pessoais do minimalismo, acho que cada tem necessidades particulares e, dependendo dessas necessidades, pode precisar acumular mais coisas.
    Nicole, obrigado por trazer à nossa reflexão mais um tema interessante.

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    1. Alex, sabia que associo ao estilo de vida europeu mesmo? E seu comentário me fez lembrar dos franciscanos, deles que você lembrou também? O minimalismo, pelo que entendi até agora, tem mais a ver com consumo consciente e foco no que é essencial, contra ao que prega o estilo capitalista mesmo. Obrigada por mais um ótimo comentário! 🌻

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      1. Alex Antunes

        De nada, Nicole! 🙂
        Não sabia que você pensava também nos europeus como modelos de minimalismo. Que bom que estamos com os pensamentos em sintonia: sincronicidade de pensamentos, como você comentou em outro texto. 🙂
        Em relação ao religiosos, eu estava pensando nos monges cistercienses. Eles são uma das famílias de monges do Ocidente. Eles visam a austeridade de vida ; o que inclui o mínimo essencial na vida diária. Mas você também está certa em pensar nos franciscanos. De fato, eles são muito populares no Brasil por sua espiritualidade baseada na pobreza evangélica. 😇
        Gostei do sua definição de minimalismo. Concordo com você. 🙂 🌻

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      2. Alex Antunes

        Ah, sim. Boa ideia, Nicole! 🙂
        Faça uma pesquisa no Youtube também, tanto em português como em inglês. No caso do Youtube, provavelmente você achará mais vídeos em inglês, usando as seguintes palavras: “cistercian monks”.

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  10. Alex Antunes

    Nicole, tem uma reportagem interessante sobre minimalismo que gostaria de compartilhar aqui em seu blog. Espero que não se importe. Veja!

    O minimalismo e a nova sociedade de consumo

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      1. Alex Antunes

        De nada, Nicole! 🙂
        Sim, é a mesma entrevista que eu encaminhei para você por e-mail. Mas, se você clicar no título da mesma, você vai ser direcionada para o Youtube onde você pode copiar o link.
        Você viu o meu comentário anterior?
        O que achou dele?

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  11. Dei por mim a ter o mesmo pensamento este ano, a mudança de casa ajudou a pensar assim também. Já há um tempo que acho que devemos viver com o necessário, sempre fui adepta desse tipo de pensamento.
    Creio que para termos mais “espaço” em todos os níveis, devemos “ir deixando” o que não nos faz falta, em tudo. Á nossa volta (ambiente) e na nossa mente (reter o que merece). É uma forma mais leve de se viver a vida.
    Um abraço, e um bom ano.

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