Uma menina nos quartéis do RJ

Você pode me perguntar praticamente qualquer coisa sobre o mundo policial do Rio de Janeiro que eu saberei te responder. Batalhão de Choque? Já fui! BOPE? Conheci vários policiais. Quartel General? Estive lá centenas de vezes.

Quem olha para mim nem imagina, mas cresci com o orgulho e a angústia de ter um pai policial militar no RJ. Agora aposentado, ele me mostrou a importância de ver os dois lados de uma mesma história. Apesar de ter trabalhado demais, meu pai é uma presença paterna forte para mim e eu amava ouvir sobre seus desafios no trabalho.

Sempre fui curiosa e observadora. E minhas memórias de quartéis são bonitas. Fiz boas amizades com policiais. Sabia que eles também são médicos, dentistas, músicos, arquitetos, professores, psicólogos, artistas? Tem muitos seres humanos incríveis dentro de fardas.

Algo que me partia o coração era ver os julgamentos generalista daqueles que não têm ideia de como é o dia a dia dessas pessoas. Um momento que me marcou muito foram as manifestações de 2013. Naquele ano, eu estava nas ruas protestando e meu pai estava comandando toda a polícia do Rio.

Eu via meu velho chorar pelas omissões de políticos e pela urgência das decisões, enquanto colegas me mandavam mensagens jogando pedras. Sem antes perguntar nada. E eu nem era da polícia.

Como nenhuma experiência desta vida é em vão, aprendi como uma conversa é essencial para termos um mundo mais justo. Ah, como eu aprendi.

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Foto autoral. Paisagens de um novo ano / Fevereiro, 2021.

21 comentários sobre “Uma menina nos quartéis do RJ

  1. É complicado Nic, as pessoas dividem as outras em categorias e aí generalizam todo mundo. Por isso que odeio generalizações. Tenho uma amiga que é quase uma irmã pra mim e a família dela é de policiais também, só que aqui de SP e por isso imagino como deve ter sido pra você e principalmente para o seu pai. Ainda bem que ainda tem gente que senta pra escutar e ver o outro lado da história, né?

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    1. Gabi, sua amiga deve me entender! Olha, foi uma das fases mais difíceis que passei! E um dos motivos que me fizeram querer sair do rio.
      Há muita injustiça e de todos os lados (já que gostam de separar a gente em lados). Mas a gente aprende. Tem muitas pessoas como você, com empatia e vontade de ouvir. 😘

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  2. Oh, como é urgente aprendermos a olhar a vida e a realidade por vários pontos de vista.
    Sempre me lembro do teólogo, escritor e professor Leonardo Boff: “Todo ponto de vista é a vista de um ponto”.

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    1. Aprendi demais! Passamos muitos perrengues e momentos de agonia, mas amo ter tido a oportunidade de experimentar essa fase da minha vida.
      Agora me sinto aliviada pelo meu pai estar aposentado!! Um dia conto mais histórias sobre isso. Obrigada pela leitura! 🌻

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    1. Nicole,
      Seu texto é um alerta. Não podemos nos limitar ao que diz a imprensa nem nos deixar enganar por políticos.
      Ver as coisas sobre diversos ângulos e opiniões independentes é sinal de maturidade.
      Grato pela partilha!
      Abraços e quando puder escreva mais sobre o tema.

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  3. Nicole,
    Seu texto é um alerta. Não podemos nos limitar ao que diz a imprensa nem nos deixar enganar por políticos.
    Ver as coisas sobre diversos ângulos e opiniões independentes é sinal de maturidade.
    Grato pela partilha!
    Abraços e quando puder escreva mais sobre o tema.

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    1. E até não nos limitarmos às nossas crenças e ideologias, né? Não há verdade absoluta. O que eu tive de colegas que pregavam direitos humanos e me jogavam pedras sem eu ter culpa de nada…
      Obrigada pela leitura! Vou escrever mais sobre o tema sim, vi que muitas pessoas tem interesse. Abraço grande!

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  4. Eu não faço idéia de como é ser policial no Rio… tenho amigos policiais aqui em Sampa e sei que não conseguem não levar para casa a realidade de suas profissões.
    Não gosto do modelo militar brasileiro. Falta muita coisa. Condição de trabalho. Salário digno. E um acompanhamento psicológico sério porque sempre que encontro com esse amigo-policial, percebo que o brilho dos olhos está a esmaecer. E me pergunto quanto tempo a humanidade nele vai sobreviver.

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