Na era pré-pandemia, eu participava do ritual do café das quatro da tarde. Era com um grupo de amigos e colegas de trabalho. Eu bebia chá, só para constar. A gente ia se aglomerar na copa para falar sobre a vida, viagens, futebol, piadas e o que mais a gente quisesse para descontrair.
O porém é que algumas vezes apareciam dois seres abençoados que acabavam com a leveza do nosso momento de paz. Eu os apelido carinhosamente de “os sem noção do cafezinho”. Como eles choravam miséria e reclamavam da vida! A conversa era tão tosca que eu só aguentava ficar por mais cinco minutos.
Eles são daquele perfil que tem conta bancária gorda, carrão na garagem, casa bacana, pode viajar para onde quiser, come do bom e do melhor, mas, adivinhe só? Quer mais. Acham que não possuem o suficiente. O papo era sempre o mesmo: “precisamos ganhar mais”, “estamos sem prestígio”, “nós somos a nata” e por aí vai.
Eu revirava meus olhos e saía de perto. O Brasil com milhões de pessoas passando fome e os caras preocupados com o próprio umbigo. Será que é por isso que estamos como estamos? A falta de noção da realidade brasileira é tanta que eu me pergunto em que mundo esse pessoal vive.
Eu tinha alguns remédios para prescrever para eles: pega o trem para Japeri às seis da tarde, visita a Ilha do Marajó, dá um pulo no sertão, vai conhecer uma comunidade de pescadores. Como não sei se eles sobreviveriam e como não sou médica, nada eu prescrevi. Apenas peguei meu chá e saí.
Você conhece algum desses “sem noção do cafezinho”?
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Foto autoral. Praia do Forno / maio, 2021.
entre conversas e flores 
Não sou médica tb, mas eu recitaria ‘Semancol” e de terapia abrir janelas, fazer caminhada em alguns bairros, visitar um hospital público, visitar uma família do povo,…
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É muita gente com falta de realidade, viu!!
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Conheço o género e não vale a pena gastarem o vosso tempo sugerindo terapia. Eles não têm cura e ainda eram capazes de encontrar nessas terapias motivo para reclamar!
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Verdade, Manuel! Seguiriam reclamando e não enxergando que existe um mundo além do deles. Abraços!!
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Creio que todos conhecem alguém nesse perfil (risos). Trabalhei com alguém que quando surgia na sala, entrava uma nuvem escura junto. Só tinha palavras ácidas para falar mal de todos. Aff, ninguém merece!
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Aff, ninguém merece mesmo. Tem pessoas que podem ter tudo e nunca estarão satisfeitas. Não dá pra entender!
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Tem gente que não vê (ou não quer ver) os próprios privilégios.
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É uma cegueira conveniente, né? Porque só se preocupa em olhar o próprio mundinho e reivindicar em causa própria… retrato da nossa elite brasileira…
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Eu sempre tenho a mesma receita para esse tipo de gente: lavar e passar a roupa toda aqui de casa. Todo dia tem pelo menos uma máquina cheia por aqui!
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Ahahahaha adorei! Boa ideia! E também podemos sugerir as louças, sempre deixo umas acumuladas! Hahaha
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Atualmente conheço vários sem-noção que seguem bovinamente seu ídolo de barro…
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Sim!!! É um padrão! Galera que é assalariada e acha que é rica. Mal sabem eles que estão mais perto dos mais pobres do que do topo da pirâmide.
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Ao ler esta história, me vieram à cabeça o egoísmo e o egocentrismo. Não sei se é uma característica com a qual a pessoa nasce ou se é algo que adquire ao longo da vida. Pode ser também que, mesmo tendo chegado à vida adulta, a pessoa não tenha deixado para trás o egoísmo que é comum e natural nas crianças. Seria talvez uma imaturidade permanente.
P.S. 1: Fiquei na dúvida sobre quem exatamente você comentou, Nicole. *rsrsrs*
P.S. 2: Que foto linda!
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E também tem as questões relacionadas à criação, né? A viver dentro de uma bolha e não ter noção do que existe fora ela. Enfim…
A dica que posso te dar é que um é galo e o outro flamenguista hahaha… e eram de outro andar!
Fiquei feliz por te ver aqui!!! 🙂
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