Corrija-me se eu estiver errada

Venho humildemente dizer que não sei sobre tudo nem saberei tudo. Não tenho nenhum problema em ser corrigida ou receber sugestões de melhoria. Ao contrário, tenho percebido como algumas críticas construtivas têm me ensinado e feito eu “aprender a reaprender”, como dizia Paulo Freire.

A realidade é dinâmica, o que sabemos é dinâmico. Já usei termos e frases em crônicas que fizeram três mulheres conversarem comigo sobre o melhor jeito de dizê-los. Achei maravilhoso por três coisas: elas se sentiram à vontade para me ensinar, nós dialogamos e eu aprendi para poder compartilhar.

A primeira vez foi quando escrevi “escravos” no texto sobre a história do meu avô que eu nunca escutei. Recebi o comentário: “adorei a reflexão! Só um detalhe: ao invés de “escravos”, escravizados”. Eu nunca havia prestado atenção na diferença entre as duas palavras e faz todo sentido.

Outra conversa que tive foi sobre a minha história com a magreza. Uma moça conversou comigo e mostrou que eu parecia ser gordofóbica em alguns momentos. Confessei, mais uma vez, que não conhecia o tema e ela foi pontuando frases minhas, como “bom que podemos comer e não engordamos”. Mais uma vez, eu não sabia.

A última, bem recente, tratou do “homossexualismo”, termo em desuso porque o “ismo” faz referência a doença, a distúrbio. O correto é usar a palavra homossexualidade. Parece sutil, mas não é. Nós aprendemos e transformamos a realidade com o poder da conversa. Nós somos eternos aprendizes curiosos. É bom saber que não se sabe tudo.

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Foto autoral. Ipê roxo no Rio / Agosto, 2021.

10 comentários sobre “Corrija-me se eu estiver errada

  1. Com o tempo fui aprendendo que a melhor coisa que existe é não termos certeza de nada, e ainda que tenhamos, termos a humildade de reconhecer quando falhamos, corrigir e sermos corrigidos. Já aprendi muito com outras pessoas e suas diferenças, realidades que não são a minha, e creio que mesmo que não entendamos algumas coisas, basta respeitar. Deslizem vão acontecer sempre né…

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    1. Os deslizes são inevitáveis, porque não tem como sabermos tudo, né? Principalmente agora que as discussões estão avançando tanto (o que é ótimo). É bom sermos abertos para aprender e dialogar. Todo mundo sai ganhando. Beijos!!

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  2. Para não me estender deixo apenas um exemplo de como podemos de fato aprender todo dia e com todas as pessoas. Ex: um amigo me alertou que eu usava em demasia a palavra denegrir quando eu poderia usar depreciar e assim evitar o denegrir que tinha uma conotação racista.

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  3. Daniel Takara

    Bons exemplos de cuidados que podemos ter com a linguagem, Nicole! Muito interessante como a escolha das palavras reflete o modelo do mundo que mantemos na cabeça e no coração. Acho que pode ser uma via de duas mãos inclusive: as palvras que usamos refletem o juízo (muitas vezes inconsciente) que fazemos das pessoas e dos fatos, mas a escolha consciente e criteriosa das palavras que usamos pode eventualmente influenciar positivamente nosso juízo. No aspecto racial, outros termos que acho que podem ser bom “food for thought” são “lista negra” e “esclarecer”, que podem dar a entender respectivamente que o preto ou escuro são ruins e que o claro é bom, é iluminado.

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    1. Adorei os exemplos, Daniel! Está tudo tão dentro da gente que nem notamos. Também acredito que a escolha consciente pode influenciar positivamente nosso juízo.
      E o melhor de tudo, talvez, seja o compartilhar. A gente tomar consciência das palavras – e atitudes – e partilhar com as pessoas ao nosso redor. De pouco em pouco, podemos melhorar o mundo que vivemos. Abração e saudades dos papos do café!!

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