Não sei você, mas às vezes me sinto metralhada com “conselhos” não solicitados que aparecem no meu feed do Instagram. É incrível como precisamos amadurecer nossa habilidade de filtrar o que é útil e o que não é, o que nos ajuda e o que nos atrapalha. Desde que minha filha nasceu, estou notando algo sobre mim que não prestava atenção antes. Eu tenho tipo um hiperfoco. Eu mergulho de cabeça nas tarefas e só sossego quando termino. Esqueço de comer, de tomar banho, de usar celular.

Mas isso caiu por água abaixo. Cuidando 24h de uma bebê de quase 6 meses deixa essa minha característica impossível de ser colocada em prática. E eu estava ouvindo as pessoas erradas. Acompanho um perfil no Instagram que a pessoa faz mil tarefas ao mesmo tempo e tem 3 filhos. “Faça todas as coisas de casa com o bebê acordado, faça outras com o bebê dormindo”.

Eu tentei, juro que tentei. Mas isso estava me causando tanto estresse. Eu não tenho a capacidade de cuidar de uma bebê super ativa e ao mesmo tempo responder questões de estatística. Ou estudar inglês com a bebê reclamando no meu colo. Eu sinto que não estou é fazendo nada direito. Até que minha mãe chegou para me ajudar.

Ela foi vendo como eu estava ansiosa por não estar conseguindo fazer nada direito. Quando, na verdade, eu estava dando o melhor que eu podia dada as circunstâncias. Zero rede de apoio, zero ajuda com a casa e bebê. Só eu e meu companheiro (que faz a parte dele). Foi aí que minha mãe me parou um dia e disse que seria melhor se eu começasse a fazer minhas coisas à noite, com a bebê dormindo. Ela disse que fez o mesmo quando eu era bebê.

“Deixa o dia para cuidar dela, fazer sua comida. Se der, estuda durante as sonecas dela. Mas foca na noite”. Eu estava tirando a noite para ler coisas no celular, assistir séries, conversar. Para minha surpresa, na primeira noite consegui 1h30 ininterruptas só para mim, num silêncio total. Minha mãe estava certa. Eu me senti tão bem. Na verdade, estou me sentindo. Já estou no quarto dia seguindo aproveitando minhas noites.

Digo isso a você para que não se prenda às experiências dos outros que acordam 5h da manhã, cozinham enquanto leiam livros, cuidam de criança enquanto malham. Cada um tem uma realidade e, mais importante, limites. Cabe a nós encontrarmos o que funciona para a gente. Tem me dado uma sensação boa não precisar dividir meu cérebro e poder estar 100% com a minha filha. Fica aí a dica: não escute o Instagram, ouça a sua mãe (ou outra pessoa que te conheça).

Com carinho,

Nicole