As últimas vezes

Vira e mexe, enfatizamos nossas primeiras experiências: “essa é minha primeira vez provando esse prato”, “nunca tinha vindo aqui antes, “esse é meu primeiro voo” e por aí vai. E as últimas vezes? Pouco percebemos como temos tantas últimas vezes e que, quase sempre, nem notamos o dia em que fizemos algo pela última vez.

Qual foi a última vez que você ouviu música no discman? Ou no aparelho de rádio? Qual foi a última vez que você limpou um vinil e colocou a sua música preferida pra tocar? Quando foi a última vez que você usou ICQ, MSN ou qualquer outra forma não mais existente de comunicação?

O tempo passa e nem percebemos. Essas últimas vezes dão nostalgias, um apertozinho no coração por perceber que as coisas passam. Tudo muda o tempo todo. Nós também. Nessa minha nova e mais desafiante experiência que é criar um ser humano, tenho sentido ainda mais essas últimas vezes.

As crianças talvez sejam as nossas maiores lembranças de que o tempo voa. Que devemos genuinamente viver nossas vidas como queremos vivê-las. Que ansiedades e medos sempre existirão, mas que saibamos colocar o pé no chão para direcionar nosso coração (e cabeça) para o que importa: o aqui e agora.

A passagem do tempo dá um aperto, mas também pode trazer conforto se olharmos para trás e percebemos que vivemos a vida que escolhemos. Que soubemos olhar para nós mesmos e trilhar caminhos que fazem nosso coração pulsar, apesar dos desafios.

Escrevo esse de texto do avião. O primeiro voo da Maria, ainda mamando e cabendo no meu colo.

Com carinho,

Nicole

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