
Totalmente avessa à cozinha e sem dotes culinários, me peguei fazendo três receitas da família: pizza com massa de batata, rabanada e bacalhau à portuguesa. Não sei o que deu em mim. Meu tio mandou as receitas pelo WhatsApp e coloquei a mão na massa.
Embora as orientações fossem bastante genéricas, como: vai polvilhando a farinha até a massa ficar boa. Polvilhar quanto? Quando eu sei que a massa está boa? Cozinha o bacalhau com tudo junto. Mas a batata não tem tempo de cozimento diferente do ovo?
No fim das contas, foi pelo instinto. E pelas lembranças. Afinal, eu como isso tudo todo ano, desde que me entendo por gente. Enquanto eu sentia os cheiros e os sabores certos, histórias passavam pela minha cabeça. Histórias da minha infância, da minha vó, da vó dela, do Brasil, de Portugal.
Somos feitos por muitos seres que já passaram por esse mundo. Na mesma época dessas aventuras na cozinha, assisti ao documentário AmarElo, do Emicida. Senti tanto orgulho de ser brasileira, de lembrar do meu avô negro cantando nas rodas de samba com um copinho de cerveja na mão.
Amar realmente é elo. É juntar todas as argolas numa só corrente e deixar fluir aquela obra de arte cheia de cores, curvas, relevos. Trazemos dentro da gente coisas de tanta gente. Veja só: Fritar rabanada tem o poder de resgatar a alegria de ser o que somos e fomos. É uma saudade boa.
Foto autoral. Lembranças do México / Novembro, 2020.
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Aprendi a cozinhar por dois motivos: necessidade e saudade…
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Meu caso foi a saudade mesmo. Uma nostalgia que aquece o coração. Bom final de semana, Estevam! 🌻
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🌹💯🌹
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Interessante como coisas do dia-a-dia podem desencadear lembranças mais profundas.
Em relação às nossas origens, acho muito interessante conhecê-las. Infelizmente, porém, nem todas as famílias têm essa consciência.
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Você gosta de resgatar suas histórias, Alex? Algo que adoro fazer é ver fotos antigas e perguntar aos mais velhos da família sobre as histórias. Fazem parte de nós 🙂
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Não entendi direito, Nicole, o que você quis dizer com “resgatar minhas histórias”. Seria recordar minhas histórias ou algo mais profundo como não perder as histórias do passado?
Tinha uma época da minha vida em que eu gostava muito de ouvir as histórias da minha avó materna. Ela era um excelente contadora de casos, como dizemos os mineiros, mas, depois de certa época, ela ficou doente, e perdeu o ânimo em contar histórias e aí eu parei também de ouvir as histórias dela.
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Isso que quis dizer mesmo! Conversas com pessoas da sua família. Que bom que ouviu as histórias da sua vó 🌻
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🙂 🌻
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Para quem, há um ano, não sabia fritar um ovo, a tua evolução culinária foi surprendente! Cachorro quente, arroz com camarão e, agora, bacalhau à portuguesa! E que bom que o bacalhau tenha o tempero da tua infância e te remete à lembrança de teu avós! ! Parabéns, espero, um dia, experimentar teus pratos! Bjs
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Não tem nada de meus pratos não, são só momentos avulsos a cada 3 meses kkkk
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Cozinhar para mim começou como brincadeira em tempo de festa. Depois foi por saudade é necessidade. Hoje é terapia, curiosidade, e uma forma de demonstrar amor
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Será que vou chegar nesse passo da terapia? Eita negócio que me dá preguiça…rsss cozinhar são momentos raros pra mim, ainda.
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Muito embora eu adore comer, detesto cozinhar. E sobre isto, uma coisa importante: apesar de não alimentar sentimentos ruins, tenho inveja de homens que sabem cozinhar. rs… Pra mim, é um dom. E eu puder imaginar com força o qual saboroso ficou o seu bacalhau.
Forte abraço e ótimo 2021.
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Ricardo, eu também detesto cozinhar! Hahaha Foi um desafio bom e que me resgatou doces lembranças. No fim, deu certo e ficou ótimo. Obrigada e ótimo 2021 também!
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Uma coisa que eu gostaria de fazer é descobrir minha origens étnicas. Tem um teste de DNA de ancestralidade que permite descobrir isso, mas eu acho relativamente caro.
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Bom mesmo seria montar o quebra-cabeça com as conversas da família, hein. Infelizmente perdemos o tempo com as pessoas em vida e não perguntamos tudo 🤷🏻♀️
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Pois é! 🙂
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Minha avó ainda está viva. Eu coloquei o verbo no passado, porque, desde que ela ficou doente, ela parou de contar as histórias dela. Mas é uma situação que a gente compreende e respeita.
A ideia do quebra-cabeça é boa. 🙂
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Que bom que sua vozinha tá por perto 🙂🙏🏻
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Pois é! 🙂
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Verdade! 🙂
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Que lado bom de explorar, Nicole!
A minha avó materna conheceu Lampião e relata de um modo bem peculiar. Conta cada detalhe e a família que fazia parte cada membro das histórias. É uma gracinha porque na maior parte do tempo não dá para acompanhar tamanha memória.
Nesta encontro com os cangaceiros, ela diz que sentiu medo porque a trupe chegou e levou a única cabeça de gado que havia um conhecido (em plena seca), enquanto ela se escondia de medo.
Dá até vontade de sentar ao lado dela agora para escutar novamente.
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Ahahaha imaginei a cena, Lara! Mas podia escrever um livro com essas histórias, hein! Imagina quanta coisa ela viu e viveu. Lindeza 💜
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Não me dê ideias, Nicole 😂
Vou deixar a sugestão bem guardadinha para colocar em prática!
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Ahahaha vai nessa, Lara!! Pode ser divertido 😉
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Na dúvida, põe tudo no forno e rega com bastante azeite… rs
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Ahahahaha o difícil desse bacalhau foi porque era cozido, mas deu certo! E, claro, reguei a azeite no prato hahaha
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Essa má vontade e falta de gosto pela culinária, algo que eu sei muuuuuuito bem o que é, realmente melhora um pouco quando mete o coração nos ingredientes. Este ultimo Natal também senti isso ao fazer uma receita que era da minha mãe. Não saiu mal de todo….mas nunca tem o mesmo gosto, apesar da saudade envolvida. Comidinha da mãe é única.
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É engraçado, né, Dulce? A gente vai cozinhando e lembrando, sentindo. Foi um processo muito gostoso! E o sabor também ficou meio longe do original da minha vó!!
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Também gosto de ir ao “antigamente” e explorar as histórias de família, aprende-se tanto com elas, traz-nos muita coisa que não sabíamos. Este ano perdi os meus avós e foi um ano a recordar a vida e tempos de antigamente. Pena que não consiga chegar mais atrás nas raízes.
Quanto à culinária, bem… sou suspeita, invento muito, não sou boa a seguir receitas. eh eh eh.
Um beijinho grande Nicole e com fim de semana.
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Dá um aperto do coração quando nossos velhinhos começam a partir… Irina, sou bem preguiçosa com a cozinha, viu. Admiro quem arrisca e gosta!! 🙂 Um beijo grande
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A mente se alimenta de lembranças, especialmente quando elas nos deixam traços agradáveis. E aí o resultado da ousadia com receitas de família. Tenho um filho a viver em Portugal e nas minhas visitas não deixa passar o bacalhau. Bom domingo e excelente semana.
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Receitas de família são uma ousadia, nada detalhadas e com muita emoção misturada. Sou fã do bacalhau!!
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O bacalhau é um prato requintado. Você tem razão: nada como receitas de família e se forem da sua avó, muito melhor. Boa semana
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Sabores, AmarElo e sombra familiar. Vários universos em mais um texto de Nicole. Textos com cheiro, talvez até textura. A vida útil de AmarElo ainda é um enigma, mas eu chutaria até um pra sempre aí visse, assim como a vida útil dos sabores familiares e da sombra daquela lembrança que visita e se revigora!
Um tanto diurético e bastante saudável seu texto Nicole, um excelente Janeiro a todos nós. Beijão!
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Obrigada pela doçura de sempre, Bruno! AmarElo é sensacional, necessário, emocionante. Me tocou tanto, mas tanto. Todos deveriam assistir. Um janeiro de boas novas e uma ótima semana pra vc! Beijo grande 🌻
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Oi Nicole, seu texto muito bem estruturado envolve a culinária e as lembranças familiares. Dois ingredientes que amo e sempre que posso, trabalho eles em meus textos. Sempre gostei de cozinhar e justamente por ter convivido ao lado de mulheres incríveis na cozinha, acho que acabei assimilando isso. Excelente semana! Bjs
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Para você ver como sou “fraca” na cozinha, Roseli: esse foi meu primeiro texto sobre o tema! Vou me arriscar mais, porque aguça a criatividade e lembranças boas. Beijo grande e boa semana!!
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Palavras lindas fez-me lembrar as minhas avós. somos realmente o resultado de muitas pessoas, muitos saberes, sabores e amor. ❤
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Me senti quase na cozinha com você Nicole! Sentindo o aroma da comida, a música ao fundo…
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Que delícia, Amanda! Já valeu o texto! Ótima semana pra você ✨
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Deu até fome rs
É engraçado como alguns momentos nos teletransportam né?
No fim, é isso que a gente leva dessa vida louca, os momentos e as lembranças de quem fez parte da nossa história 💕
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Disse tudo, Gabi! O que vale são as experiências e as pessoas que passam pela nossa vida. Um beijo!!
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O amor e a saudade não conhecem barreiras. Ai Nicole que vontade me deu de comer bacalhau.
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Ahahahaha amo um bacalhau também, Filipa!!! Regado a azeite… delícia!
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