Dedico este texto a todas as crianças negras. Com o desejo de um futuro melhor para todas elas.

Um mundo de possibilidades para ajudar o próximo tem surgido na minha vida. Em janeiro deste atípico ano, uma amiga me convidou para conhecer o trabalho voluntário que ela participa em Águas Lindas de Goiás.

Lá fomos nós. Sábado, 7h30 da manhã, muita chuva. Imaginei que não teria ninguém lá. Nossa função seria cuidar das crianças enquanto as mães faziam cursos de artesanato, inglês e confeitaria. Todos promovidos por outros voluntários.

E não é que, mesmo com aquele dia chuvoso e as ruas cheias de lama, havia umas seis famílias lá? Foi na missão de brincar com as crianças que conheci a Rafaela, sorridente, no auge dos seus cinco anos, sem os dois dentes da frente. Muito animada, contou sobre a escola, seus amigos e como gostava de ir para aquele lugar aos sábados. Ela não faltava a um, faça chuva ou faça sol.

Rafa, como disse ser seu apelido, mora com a mãe, os avós e mais um tanto de gente na mesma casa. A avó cuida dela e dos outros primos enquanto a mãe precisa trabalhar. Não me contou sobre seu pai. No nosso pouco tempo juntas, vi a importância de cuidar do outro, de dar e receber afeto, de fazer o nosso melhor na vida.

E continuo sem compreender como a cor da pele pode ser motivo para ferir alguém. Tenha uma caminhada feliz, Rafaela.

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Foto: Nicole Guimarães. Bogotá / Colômbia, 2017.