O vai e vem da esperança

Estava pronta para escrever algo feliz quando li a notícia sobre mais um assassinato de homem negro. Dessa vez, em Porto Alegre. E na véspera do dia da Consciência Negra. O que mais me fascina na América Latina são nossas cores, danças, músicas, histórias, miscigenação.

Ao mesmo tempo, é tudo tão escancarado. São nossas veias abertas, como diz Eduardo Galeano. O caminho ainda é tão longo para termos um mínimo de igualdade entre nós. E não consigo entender quem diz que racismo não existe. Cegueira ou oportunismo?

É só olhar para o lado. Em qual lugar você vê os negros? E os índios? E os mayas? Qual a proporção? A crueldade que foi nossa colonização persiste até os dias de hoje. Não fomos descobertos, já morava gente aqui. Não foi dada liberdade com dignidade, apenas colocaram na rua.

Quando começou a campanha do #VidasNegrasImportam, perguntei a um amigo como eu poderia fazer a minha parte para apoiar o movimento. A resposta foi: Veja o feminismo. Como homem, eu posso falar pelas mulheres? Os protagonistas dessa luta não são os brancos. Assim como no feminismo não são os homens.

O que é possível fazer: estudar, incentivar autores e artistas negros, dar espaço de fala e de trabalho, eleger políticos decentes, dialogar. E, acima de tudo, ter a consciência de que não sabe como é ser julgado pela cor da pele. É triste ver como não aprendemos o que a pandemia está mostrando: precisamos uns dos outros. Eu tinha esperanças.

Foto autoral. Paz e amor em Tulum / México, 2020.

21 comentários sobre “O vai e vem da esperança

  1. Renata Rodrigues

    Acredito que o racismo e preconceito andam juntos infelismente..e isso e tão triste e horrivel ao mesmo tempo..somos todos iguais nao importa cor,sexo,condições financeiras..cresci presenciado o racismo dentro de minha casa Nicole…a uniao de meus Pais nunca fora aceita pelo lado da familia de meu Pai.. pelo simples fato de minha mãe ser negra o que nunca foi problema p mim pelo contrario sempre tive mto orgulho..quantas vezes presenciei as ofensas,vindas do lado de lá sem se quer minha mãe nunca ter feito nada para merecer.. so pela cor da pele.. eu muito pequena ja revoltada sempre dizia que nao aceitara a familia de meu Pai que tbm nada fazia para defender minha Mãe..e complicado a história…nao irei me aprofundar ..so cresci ouvindo que filhos de negra para eles nao eram netos..
    Ate quando isso vai? Pq a maldade,preconceito impera no coração do ser humano?
    Somos todos iguais e nada repito nada importa….tenho muito muito orgulho da Mãe que tenho!!
    Nao e a cor,classe social,que importa e sim o caráter, o que de melhor temos a oferecer vindo do coração..quem sabe um dia isso mude e nós percebamos e respeitemos uns aos outros…
    Bom dia a vc Nicole…fica c Deus

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    1. Renata, obrigada por contar sua história. Não deve ser nada fácil viver o racismo dentro de casa. Com certeza você tem uma grande mãe que te passou ensinamentos maravilhosos. É só olharmos a pessoa que você é. No fim, somos o que passamos para o mundo. Não tem nada a ver com cor da pele. Beijo grande em você e na sua família!

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      1. Renata Rodrigues

        Magina Nicole…é uma historia triste..na verdade foi pq gracas a Deus acabou..hj ninguem mais fara mal a ela pq nao deixaremos…o pouco q sou agradeco exclusivamente a Deus primeiramente e a ela Minha pequena Mãe de 1,52 de altura Minha veinha mas grande mãe guerreira que lutou a vida inteira para criar eu e meus irmãos …racismo so existe na cabeca de pessoas fracas infelismente…Boa noite a vc Nicole fica c Deus

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  2. Reflexão necessária, Nicole!
    Ontem coloquei um texto que gerava há alguns dias e quando publiquei, me deparei com a noticia.
    Não sei o que será de nós!

    E a África? Normalizaram a destruição de um continente repleto de reinos super avançados, que faziam dignos comércios com o povo indígena no Brasil, antes de nos destruírem também.

    Pela esperança, façamos a nossa parte!

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  3. Nicole, a violência é tanta que fico sem palavras diante de tamanha brutalidade. Que tristeza e que vergonha. Meu coração encolhe perante essas ações. Nosso país vai de mal a pior e essas atitudes só agravam nossa imagem. Que futuro podemos aguardar?

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  4. Neste tempo em que tenho publicado poemas em homenagem aos 300 anos de Minas, planejei até o final do ano me ater a estes… Mas, não dá para não escrever… não dá para não falar… para não denunciar… para não se indignar… Então neste vai e vem me inspirei nas ondas de sua terra e mar e em Lulu Santos…

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  5. É difícil, querer ajudar, mas com medo de acabar mais atrapalhando do que qualquer outra coisa. Acho que nessa luta nosso papel é nos bastidores, não cabe a nós falar por ninguém, mas talvez possamos ajudar no poder de alcance…
    Não sei bem, mas sigo tentando ser útil de algum jeito.

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  6. Eu não quis dizer q o racismo veio dos EUA, mas sim as recentes cenas de violência são importadas de lá. Há racismo em muitos países do mundo, há gritos de racismo em estádios de futebol, mas cenas de racismo que levam à morte de um ser humano só se tem visto lá e no Brasil, tlvz na África do Sul tb.
    Assim, quis dizer q o Brasil importa tudo que não presta de lá.
    Não faz muito tempo houve uma massacre numa escola realizado por 2 jovens, bem ao estilo de lá.
    A história do racismo, no caso particular do Brasil, sem dúvida vem de longe. E o fim da ‘escravidão” no Brasil é mal contada nos livros escolares. Não só a assinatura do “fim” no Brasil, como tb o que aconteceu a seguir.

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