
Dizem que precisamos estar preparados para os grandes encontros da nossa vida. Imagino que, por isso, só agora fui conhecer a Lélia. Mineira de Belo Horizonte, filha de um operário negro e de uma empregada doméstica descendente de indígenas, ela foi a penúltima de 18 filhos.
Ainda criança, mudou-se para o Rio de Janeiro com a família. Um de seus irmãos foi convidado para jogar futebol no Flamengo. Chegou a trabalhar como babá, mas questionou e conseguiu seguir os estudos. Lélia Gonzalez se graduou em história, geografia e filosofia.
Suas reflexões sobre racismo se acentuaram quando casou com um espanhol. A família do rapaz branco não aceitava a relação e, um ano após a união, ele cometeu suicídio. Lélia viu que não importava o que ela fizesse, não seria plenamente aceita. Ainda assim, ela floresceu.
E pude conhecê-la através do seu artigo “Racismo e sexismo na cultura brasileira”, de 1980. Li e na mesma hora pensei: qualquer um entenderia o que ela está falando. Lélia questionava a linguagem acadêmica: produzia textos com o objetivo de conscientizar o maior número de pessoas possível.
Foi pioneira ao questionar o feminismo, que deixava de lado as especificidades das mulheres afrodescendentes. Quem imaginava que ela rodaria o mundo palestrando? Falava inglês, francês e espanhol. Uma pena que se despediu tão cedo de nós, aos 59 anos. Obrigada, Lélia Gonzalez, por questionar tanto. É assim que a gente muda.
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Foto autoral. Arte urbana / Fevereiro, 2021.
Confesso que preciso conhecer melhor a obra de Lélia. Conheço muito por alto sua trajetória e suas reflexões.
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Acho tão louco ouvir pouco sobre ela no Brasil. Era para estar até nas escolas. Tem vídeos e textos legais na internet, acho que você vai gostar.
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Este post seu é um dos melhores que li em seu blog. Inclusivo, revelador, misterioso…
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Obrigada, Estevam! Fico contente. Um abraço!
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👍🌹
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Deu curiosidade em conhecer esta obra. Obrigada. Abraços
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Tem muitos vídeos no YouTube sobre ela, Bia! Uma pena ainda não ser tão reconhecida no Brasil. Um beijo 🌻
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Não conhecia, vou procurar saber mais sobre ela 😉
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Acho que vc vai gostar, Gabi! Mostra como as mulheres negras passam por tantas coisas que nós mulheres brancas não. E eu nunca tinha pensado sobre a questão racial no feminismo, colocava todas as mulheres no mesmo “pacote”…
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Obrigada pela dica 😉
A gente tem essa tendência a analisar uma coisa de cada vez né? É uma realidade complicada.
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E colocamos todo mundo no mesmo saco a partir da nossa experiência. É tipo uma mulher falar que nunca sofreu machismo na vida e que por isso machismo não existe. Mas e as outras 99% que sentem na pele, né? Estamos melhorando e abrindo espaço para todos falarem, isso é ótimo 🙏🏻🙏🏻
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🙏🏻
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Desconheço essa persona, mas já vou eu atrás do artigo: Racismo e sexismo na cultura brasileira”. É um tema que, infelizmente, às vezes, me escapa. Dependo sempre que alguém o traga para a minha realidade. E sou grata a pessoas que o fazem, como você.
Grata
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Que bom que te apresentei algo novo, Lunna! A escrita dela me fascinou: escrevia com a linguagem que qualquer um poderia entender. Ah se todos levassem o conhecimento de forma tão simples. Um abraço e bom final de semana!
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