
A inspiração para este texto começou com pérolas que têm surgido nos noticiários nesses últimos tempos, como: “até empregada doméstica estava indo para a Disney” e “até filho de porteiro foi para a universidade”. Um turbilhão de pensamentos surge na minha cabeça de tão louco que é tudo isso.
Depois lembrei da polêmica do arroz. Está caro? “Ah, come macarrão”. A conclusão é muito clara: quem tem menos é que tem que abrir mão do pouco que tem. Quem pronuncia frases como essas tem o direito de viajar para onde bem entender, estudar onde quiser, comer o que desejar, mas os outros não.
Fiquei encucada sobre como é sempre a vida do outro que é questionada. É sempre o outro que precisa se adaptar, que precisa abrir mão, que está escolhendo errado, que precisa ter menos. É mais fácil ver julgamentos sobre uma pessoa que vive com seiscentos reais e compra um celular do que sobre uma que é milionária e tem duas lanchas.
Seria bom se antes do julgamento da vida alheia o julgador olhasse para as próprias escolhas. Com o que ele tem gastado o dinheiro dele? Quanto foi a escola que ele pagou para os filhos? Quanto ele paga para os funcionários dele? Quanto ele acumula de reserva financeira?
Mas quem é questionado não são eles. São as pessoas que mal têm a chance de escolher. É uma mistura de indignação com pitada de esperança, do verbo “esperançar”, como dizia Paulo Freire. Acreditar na mudança é o que resta. Há de mudar um dia, porque do jeito que está não é possível, não.
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Foto autoral. Da comunidade ecológica / abril, 2021.
Entrada que reflete desigualdade! Nicole; Não quero decepcioná-lo, mas acho que nem você nem eu veremos uma mudança. Pelo contrário, a desigualdade aumentará a cada dia, fazendo com que a vida neste planeta acabe. Quando houver bilhões e bilhões que não podem comer, nada será suficiente para detê-los. Uma saudação cordial.
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Bom te ver por aqui! 🙂 Espero que esteja bem e com saúde. Sim, é difícil ver um futuro melhor. Mas acreditar é o que nos resta, tenho fé. Um abraço!! 🍀
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O julgar é sempre com olhar no outro. E essa desigualdade que vivemos de forma tão latente e escancarada, faz com que os olhos julgadores condenem com requinte de torturadores. Muito triste isso.
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É cada absurdo pior do que o outro. Tá escancarada e sem sinais de melhora, isso é o mais angustiante…
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A culpa das nossas incompetências é sempre do outro. Ah essa gente…
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Exatamente, Pedro!!! Autocrítica tá em falta…
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Pior que tudo que escrevestes é que este senhor s seus seguidores fazem e falam tudo que fazem e falam com dinheiro público, ou seja, com dinheiro nosso… E ainda tem quem bate palmas para eles, mesmo sem saber sequer onde fica Disney.
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Tanta doideira que a gente fica até sem palavras, viu!
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Essa questão estrutural é tão dolorosa, né? E como o desejo de controle da ‘elite’ é superficial e frágil. Eu rezo é pra que surjam forças que se empenhem em agir mesmo. Essa entrega é necessária. O neoliberalismo cada vez invade mais. Já diziam as poetas; ‘e o rico cada vez fica mais rico… e o pobre cada vez fica mais pobre’
E o gigante ainda dormindo.
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O bizarro é ver classe média brasileira achando que é “elite”… ai ai… eu conto ou você conta? Também rezo para as forças borbulharem e sacudirem essas estruturas que só espremem e excluem cada vez mais.
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