Tem uma escola-creche particular na frente do prédio. Outro dia fiquei observando o entra e sai da criançada, todas pequeninas, de dois a seis anos. O ritual está bem diferente da minha época: todas de máscara no rosto, passando os pezinhos no tapete higienizador e espirrando álcool nas mochilas.

Vi aquela cena e pensei comigo: o que deve passar na cabeça das crianças? No mesmo dia, uma amiga mandou a foto da sobrinha preparada com os novos trajes escolares. Meu sobrinho também está seguindo as normas com suas máscaras do Ben10, Batman, Super Homem e Vascão.

Em tempos “normais”, as crianças estariam curtindo as festinhas de aniversário cheias de brincadeiras, comendo o lanche do amiguinho, se abraçando nos parquinhos, compartilhando brinquedos, correndo atrás do outro na escola. Arrisco dizer que essa parte da criançada está até com sorte.

Para muitas outras crianças não é possível estudar de casa ou na escola. Grande parte dos alunos das escolas públicas brasileiras não possui acesso à internet em casa e/ou não possui computador, assim como suas escolas não possuem estrutura segura para o retorno presencial. E ainda tem gente que fala de meritocracia, hein?

Mas, lá em Israel, as crianças celebraram o fim do uso de máscaras na escola, após a vacinação em massa e diminuição do número de casos. Finalmente, elas podem olhar novamente os sorrisos uma das outras. O vídeo da criançada feliz é lindo de se ver. Não deve estar nada fácil para essa turminha de seres humanos.

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Foto autoral. Praia do Leme, Rio / Junho, 2021.