O clima de final de ano costuma trazer dois tipos de inspirações para as crônicas: o que aconteceu no ano velho e o que desejar para o ano novo. Encerrar um ano é como buscar novo fôlego, dar uma pausa no meio da trilha para beber água gelada e seguir caminhando.

A trilha da vida é cheia de sobe e desce, curvas acentuadas, flores, paisagens, gente cruzando, às vezes com rotas radicais que não temos ideia de onde vamos parar. Mas precisamos seguir caminhando, olhando para a frente, com cuidado para não tropeçar. E se tropeçar faz parte. As pedras do caminho a gente coleciona para lembrar da nossa história.

Para o amanhã incerto, indefinido, impermanente e surpreendente, venho defender duas coisas: nossas histórias e a cara no Sol. Honremos as nossas histórias. Lembremos de onde viemos, o que fomos, o que aprendemos, o que fazíamos, com quem estávamos. Isso faz ter pé no chão, gratidão e humildade.

E coloquemos a cara no Sol. Bem de frente para a luz, de olhos fechados para sentir o calor e a imensidão que é viver. Permitindo ir além do “sempre foi assim”, “não vai dar em nada”, “prefiro não arriscar”, “sei que não vai dar certo”.

Permitindo dar passos diferentes, ajustar o roteiro, viver o que ainda não foi vivido, sentir o que ainda não foi sentido. Sim, essa trilha é louca, às vezes dolorida. Ao mesmo tempo, cheia de beleza em cada esquina, em cada gente que aparece no caminho. Abracemos o ontem, mas não fiquemos presos a ele. Olhemos a luz que vem de cima, abertos para o que quer chegar. Há sempre um novo pôr do sol a ser visto.

Com carinho,

Nicole.