Pensamos muito, criamos muitas situações na nossa cabeça. Elaboramos cenas, conversas, dramas e conflitos. No meio de toda a criatividade dos pensamentos, estão as pessoas. Estão outros seres humanos relacionando-se com a gente, no passado, no presente e até no futuro.

E o mais incrível – talvez louco – é que às vezes essas pessoas que transitam nas mentes nem sabem que estão lá. É muito pensamento e pouco diálogo. Outro dia um amigo comentou sobre a carta que escreveu para a ex. Ele contava sobre como se sentia a cada vez que ela surgia do nada.

Eles se separaram, mas ainda existe aquela relação que, de alguma forma, aprisiona. Ligam quando estão bêbados, brigam, mandam indiretas. O que ele escreveu era intenso, ele colocou naquele bloco de notas tudo que estava guardando dentro de si. Perguntei se ele enviaria a carta para ela.

A resposta foi que ele ainda não sabia, mas que escrever já o deixava aliviado. Eu estimulei que enviasse. Parece que, quando falamos para o outro o que sentimos ou pensamos, a bola passa para a outra pessoa. Tiramos a bola da nossa mochila, que estava pesada, e colocamos nas costas do outro.

Pode parecer egoísta, só que não vejo por esse lado. Ninguém é capaz de controlar a reação de outra pessoa, apenas a nossa. A única coisa que está ao nosso alcance é dizer o que se passa em nós. O que a outra pessoa vai fazer com a informação que recebe é responsabilidade dela. É soltar o que está preso e não esperar nada em troca. Difícil é, mas libertador também. Não custa nada tentar.

Bom finzinho de ano para você!

Com carinho,

Nicole