
O carnaval de rua foi barrado em 2022. E as festas de duzentos reais para cima não, olha que curioso. A ordem era: parte do povo em casa, sem cores e fantasias, e outra parte com aval para curtir como se não houvesse amanhã, até o Sol raiar, só porque tinham mais dinheiro no bolso.
Joaquina olhou pela janela do prédio, ouviu barulho saindo das esquinas, pegou o celular e os grupos pipocavam. “Tem um bloco na Praça Tiradentes. Vamos!”. Sem nem pensar duas vezes, tirou todo seu equipamento de carnaval do armário: glitter biodegradável, colares, arco de unicórnio, maiô prata e meia arrastão.
Ela nem se lembrou do acidente que teve na semana anterior. E quem é que se lembra de coisa ruim durante o carnaval? Deu tchau para o porteiro que deve ter pensado: “sabia que ela não ficaria trancada em casa, essa moça adora uma festa”. Ele costuma ser meio curioso, sabe?
Encontrou a galera num bar qualquer da Lapa e foi juntando mais e mais gente. Quando eles viram, nem era só o bloco da Tiradentes. Era o povo todo na rua vibrando na festa mais resistência do planeta. Joaquina pulou, dançou, cantou e ficou rouca todos os dias.
E amou também. Afinal, é difícil passar pelo carnaval sem amar aqui e acolá. Passou noites amorosas com João, curtiu momentos de folia romântica e, em plena quarta-feira de cinzas, desabafa: “pena que ele não me ama”. E você, por algum acaso, o ama, Joaquina? “Ops…”, respondeu ela.
Obrigada pela sua leitura! Até a próxima crônica. 💜
Foto autoral. Girassóis / março, 2022.