Adoro quando os pilotos e comissários de bordo dos aviões conversam com os passageiros. Já ouvi alguns que falavam coisas engraçadas sobre o destino final, sobre o frio, sobre tomar cuidado com a pandemia, sobre jogo de futebol, sobre o céu estar bonito.

As pessoas ficam tão surpresas com a espontaneidade que abrem um sorriso. Quando o roteiro é repetitivo parece que ficamos no botão automático e nem prestamos atenção no que está sendo dito. “Apertem os cintos”, “começamos a descida”, “obrigado por voar com a gente”. E fim, não tem nada além disso. Sempre a mesma coisa.

Minha última viagem de avião foi cheia de espontaneidade. O comissário de bordo começou a explicar sobre as saídas de emergência do jeito dele, sem aqueles áudios ou vídeos gravados. As pessoas tiraram dúvidas e ele até contou uma piada porque disse que estávamos tensos.

Ele também deu uns toques nas pessoas que não conseguiam colocar as bagagens de mão sozinhas no compartimento superior: “olha, você poderia ter despachado de graça na entrada do avião”. Temos que carregar o peso que damos conta.

Foram vários papos e sorrisos. Na conexão em Brasília, o piloto ainda relembrou a beleza do céu do cerrado. A espontaneidade tem o poder de desarmar. É algo que ninguém espera, ninguém planeja. Ah, tão boas essas coisas que acontecem do nada. No avião, na vida.

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Foto autoral. Registro do aeroporto, Rio / Junho, 2021.