Pais sem terapia

Foto autoral. Flores da Cobal / Outubro, 2021.

Em um chute aproximado, noventa por cento das pessoas dos meus círculos de amizade já fizeram ou fazem terapia. O curioso é que são raros os pais que aceitam encarar esse processo nada fácil de olhar para si mesmo. Apenas nesta semana, ouvi histórias sobre violência doméstica, relacionamento abusivo, depressão.

E quem estava passando – ou passou – por essas situações não foram os filhos que me contaram, mas os pais. O curioso, mais uma vez, é que quem teve contato com psicólogo foram os filhos. A família diz que não precisa, é besteira, está tudo bem. Não sou exceção, viu? Também sou a única que recorreu à terapia.

Uma amiga psicóloga já contou de casos em que atendia adolescentes com ansiedade ou depressão, mas que a família se recusava a também fazer terapia. Achavam que o problema era só dos jovens. Que ledo engano, meus amigos. Que engano. Nós somos construção do meio que a gente vive.

Querendo ou não, nós trazemos os padrões, os medos e as confusões dos ambientes em que crescemos. É um processo difícil começar a enxergar o que vem da nossa história e ressignificá-la. Mas é esse movimento que ajuda a gente a não aceitar carregar fardos que não são nossos, a não nos culpar por escolhas que não são nossas.

Também é importante para humanizarmos nossas origens, olhar com mais afeto e empatia àqueles que nos construíram. Ou a afastar-se, caso faça mais mal do que bem. Normalizemos o afastar quando é para salvar a si mesmo. São muitas histórias de uma geração que eu poderia contar aqui.

Obrigada pela leitura! Te vejo na próxima crônica!

Clique aqui e converse comigo também pelo Instagram.

3 comentários sobre “Pais sem terapia

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s