Em ritmo de lua nova, escuto: “para algo renascer, algo precisa morrer”. Quão difícil é renunciar, abrir mão do apego, daquilo que é conhecido. Como surgir algo novo em um lugar sem nenhuma cadeira vazia? Ou com metade do espaço disponível? Não dá, não dá para levar tudo na bagagem.

Clara diz que quer rodar o país, aproveitar o home office e trabalhar em diferentes cidades. Trava nos empecilhos que ela mesma coloca. Ou melhor: nos apegos. O que fazer com a casa e tudo aquilo que tem dentro dela? Existem opções: vende, doa, guarda na casa de parente, de amigos. “Ah, mas gosto tanto de onde moro. E se voltar e não ter mais para alugar?”

Paulo tirou licença e saiu pelo mundo viajando. No fundo, ele tinha esperança de arrumar um trabalho mais interessante pelo meio do caminho. Na sua jornada, não soltou a visão de trabalho que tinha, seguiu com olhos tradicionais mesmo estando no meio da Índia. Não viu, voltou para a mesma vida que tinha.

Joaquina deseja morar sozinha, ter liberdade e independência. Mas não quer abrir mão de economizar, de comprar menos daquilo que nem precisa. Não quer abrir mão de sair do conforto e da facilidade da casa dos pais. Não quer colocar a responsabilidade debaixo do braço, sair pela porta e dizer: “obrigada, agora é comigo”.

Dizem que as coisas chegam quando estamos preparados para elas. Mas será que não é quando temos olhos para elas? Quando deixamos ir o que não queremos mais, quando deixamos ir o que não faz mais sentido, quando deixamos ir o que acabou. É deixar ir de coração aberto e sem crenças limitantes para aquilo que está tentando chegar. A vida é feita de escolhas. Para ir, algo precisa ficar. “É você que ama o passado e que não vê que o novo sempre vem”, já cantava Elis.

Desejo uma linda lua nova!

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