Tem uma fala na série This is Us que a ex-namorada de um personagem fala para ele: “é fácil ficar com você. Mesmo querendo comer hambúrguer, se eu falasse que queria jantar pizza, você mudava de ideia e passava a amar pizza”. O personagem ficou super encucado com essa afirmação e começou a repassar os antigos relacionamentos na cabeça.

Ele foi percebendo que nem sabia ao certo o que ele gostava ou quem ele era, porque sempre seguia o que a outra pessoa queria. Era um esforço invisível para ser aceito e amado nas relações amorosas, nas amizades, na família. Ele aceitava quase qualquer coisa e não percebia como isso estava sendo cruel para ele. O não para o outro pode ser um sim para si mesmo.

Essa história me remeteu aos casos de pessoas que estão tão ansiosas para “encontrar alguém” que se perdem naquilo que querem. Na carência, passam a gostar de futebol quando nem gostam, passam a gostar de séries quando nem gostam, passam a colocar roupas que nem gostam, passam a comer o que nem gostam. E tem vezes que é sutil, passa despercebido.

E aí, lá na frente, pensa: “não sei o que estou fazendo nesse lugar”, “não sei o que estou fazendo com essa(s) companhia(s)”. É porque se perdeu de você. É porque abriu mão de você para caber no outro. Nessa loucura de sair em busca de alguém, perde-se quem realmente poderia ser o transbordar perfeito para si.

Pode ser que os grandes-leves-saudáveis encontros aconteçam quando o mais importante de todos acontece: o de conhecer a si mesmo. E é num momento despretensioso, fazendo o que gosta, na companhia de quem gosta e aceitando que ninguém está aqui para salvar ninguém que janelas luminosas se abrem. O horizonte passa a ser visto, as flores também.

Obrigada pela sua leitura! Até a próxima crônica.

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