“Não fale com estranhos na rua”, dizia algum adulto na nossa infância. Pode ser alguém que vai te sequestrar, te roubar, fazer alguma maldade. É verdade, crianças, tenham algum cuidado. Mas, aos adultos, digo o contrário: fale com estranhos.

Tem papo bom na fila do pão, no carro de aplicativo, no aeroporto, na rodoviária, no metrô, na praia. Sejamos menos “bicho do mato”. Dessas conversas espontâneas e despretensiosas brotam amizades, ideias, aprendizado e aquilo de que somos feitos: histórias. É tão rico falar com estranhos. Às vezes até mais do que falar com as mesmas pessoas de sempre.

Nas vésperas do carnaval do Rio de 2020, eu esperava o Uber no aeroporto Galeão, vindo de Brasília, quando um rapaz estava tenso do meu lado sem conseguir ter uma corrida aceita. Ele me perguntou como fazia para chegar em Copacabana porque era sua primeira vez na cidade maravilhosa. Havia muita gente chegando no Rio ao mesmo tempo.

Eu disse que iria para a Tijuca e, se ele quisesse, poderia seguir comigo e de lá seria mais fácil conseguir um Uber para a zona sul. Ele era de Goiânia e o plano era viajar com o ex-namorado. O namoro acabou e o que ele fez? Resolveu encarar a viagem sozinho e conhecer o lugar que tanto sonhou conhecer um dia. Não só conheceu o Rio como se apaixonou por um chileno, mas isso é papo para outra hora.

Minutos depois, mais uma pessoa se juntou a nós e disse que também estava com problemas para sair do aeroporto. Ele, fotógrafo talentoso, vinha de um trabalho em outra cidade e precisava seguir para Laranjeiras. Eu já estava no clima de carnaval e sem pensar duas vezes falei: “vem com a gente, de lá vocês dois vão juntos para a Zona Sul”. A conversa durante o trajeto foi tão divertida que nem sentimos a mais de uma hora de engarrafamento. Todos sãos, salvos, com sorriso no rosto e cheios de histórias para contar. Quer mais o quê?

Bom te ver por aqui! Você também gosta de falar com estranhos?

Com carinho,

Nicole