A criança que fomos um dia

Foto autoral. Clássico ônibus escolar / dezembro, 2021.

É bom sair para caminhar por volta das três horas da tarde porque as crianças estão saindo da escola ou brincando nos parquinhos. É uma gritaria animada, alegre, sorridente. Criança só muda de endereço, o resto é tudo igual, inclusive a cara de pau.

Eu adoro a sinceridade sem filtro das crianças. Elas conseguem falar o que pensam de um jeito doce e engraçado que nenhum adulto é capaz de fazer. Quando T.J. vinha na minha direção, de mãos dadas com a mãe, eu não imaginava que ele olharia nos meus olhos e perguntaria, do nada, meu nome.

Um rapazinho de sorriso largo, seis anos de idade. Perguntou como foi meu dia, se eu gosto de brincar, me desejou feliz natal. A espontaneidade dele me tirou várias risadas enquanto conversávamos sob o olhar orgulhoso da mãe. Ela parou com ele, deixou que ele ficasse na esquina fazendo perguntas aleatórias para uma estranha.

Fiquei pensando na criança que fui um dia. Andava com os tamancos das minhas tias pela casa, amarrava lenço no cabelo para fingir que tinha cabelão, descia morro de patins com outras crianças e caíamos todos no final, fazia minha vó ler o mesmo livro até ela ficar rouca e eu decorar toda a história, rodava dançando no meio da sala até que um dia abri a cabeça, estragava os batons das minhas tias, puxava os cabelos das minhas primas, catava tatuí na praia.

Era um pouco de terror, mas também muita alegria. Em qual momento paramos de dar voz à criança que existe em nós? Em qual momento começamos a nos encaixar mais e a ouvir menos o que somos ou o que sentimos? Em qual momento começamos a ser podados? Não sei todas as respostas, porém uma coisa eu afirmo: ainda há criança em nós.

Obrigada pela sua leitura e até a próxima! 🙂

6 comentários sobre “A criança que fomos um dia

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