
Sabe quando a boca fala uma coisa, mas no fundo o desejo é outro? Daí as ações são completamente diferentes daquilo que a boca diz? Na minha filosofia de boteco, tenho algumas hipóteses: às vezes falamos o que outras pessoas querem ouvir, às vezes seguimos o que maioria ao nosso redor está fazendo e às vezes não temos a menor ideia do que queremos e aí falamos/aceitamos qualquer coisa.
Comecemos pelo caso da Joaquina. Ela diz que quer se apaixonar, mas quando começa a se envolver com alguém começa a buscar defeitos, problemas, volta a atenção para o ex, fala que a vida está boa como está. Ela está feliz caindo nos sambas, conhecendo um monte de gente, fazendo o que quer e na hora que quer.
Será que a Joaquina realmente quer se apaixonar? Será que se apaixonar não é algo natural e espontâneo que pode acontecer um dia? Talvez por ver algumas pessoas da idade dela tirando fotos de bebês ou de casamentos, enquanto ela tira foto dos drinks bonitos, a deixem com a sensação de que ela tem que seguir por esse caminho também. Não só seguir como seguir agora, no tempo dos outros.
Mas nós não temos que nada. O que nós temos é que entender e buscar clareza do que queremos, do que sentimos. O mundo é muito maior do que nossas bolhas. Tem muitas formas de viver a vida. A missão talvez seja encontrar a nossa, a que traz mais sintonia com o que a boca diz, e seguir por essa direção.
Como diz o gato para a Alice no país das Maravilhas: “se você não sabe para onde ir, qualquer caminho vale”. E aí você perde tempo procurando o que nem quer encontrar. Ou onde nem quer estar. Estejamos abertos às surpresas inesperadas do caminho, mas conscientes do que queremos (ou não) para nossa vida.