Na série “The Americans”, um casal espião russo vive nos Estados Unidos como se fossem americanos. A obra se passa durante a Guerra Fria, período em que não existia internet nem celular. As informações atravessavam oceanos através de códigos, navios, de pessoa para pessoa.

Nos dias de hoje, quando temos um acontecimento que nos deixa indignados ou sem entender nada, podemos fazer uma simples busca no Google para saber o que está acontecendo. Deixando de lado os tudólogos e subcelebridades que nunca nem estudaram o assunto, podemos ter acesso a conhecimentos compartilhados por especialistas em tempo real, na palma da nossa mão.

Querendo colocar para fora as inquietações que tenho sentido só de ouvir – mais uma vez – a palavra guerra, me deparo com uma citação a Paulo Freire que me levou ao livro “Pedagogia da Indignação”. Nele, a frase que me marcou foi a de que devemos testemunhar permanentemente aos amigos, à família, aos alunos, a quem quer que seja, a certeza de que os fatos sociais, econômicos e históricos não se dão dessa maneira porque assim deveria ser. Como se não houvesse outro jeito.

“Não somos objetos adaptando-se aos fatos, mas sujeitos históricos também, lutando por outra vontade diferente: a de mudar o mundo, não importando que esta briga dure um tempo tão prolongado que, às vezes, nela sucumbam gerações”, diz Freire.

E é a educação, de novo ela, que pode abrir nosso olhar em relação ao mundo. É a educação que pode nos mostrar que nada é simples como pode parecer. É a educação que pode nos mostrar como não repetir os males do passado. Ou a parar de repeti-los. É a educação que pode nos mostrar que nada é, tudo está.

Hoje vi um vídeo de um rapaz do sertão da Bahia abraçando o pai agricultor porque havia passado para medicina na universidade pública. Não sei você, mas são celebrações como essa que eu quero que se repitam muitas e muitas vezes. Hoje e sempre.

Com amor,

Nicole